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O próximo Seminários do ICB, no dia 29 de setembro, terça-feira, traz o maior e mais completo estudo já realizado na América Latina sobre o genoma brasileiro. Será às 13h, no Centro de Atividades Acadêmicas 1 (CAD 1), com entrada franca e aberto ao público. O professor Eduardo Tarazona, coordenador do projeto e professor do ICB, apresentará o seminário: “Origem e dinâmica da miscigenação no Brasil: implicações em Saúde Pública”.

A pesquisa comprova que, apesar de a miscigenação ser menor do que o senso comum acredita,  o DNA de todo brasileiro carrega um pouquinho da história europeia, africana e ameríndia.

Recentemente publicada na renomada revista Proceeding of the National Academy of Sciences, (PNAS), trabalhou com dados do Projeto Estratégico do Ministério da Saúde-EpiGEN-Brasil.

Há décadas, o projeto acompanha 6.487 pessoas de três cidades brasileiras: Salvador(BA), Bambuí(MG) e Pelotas (RS). Os dados genéticos dos voluntários foram comparados com nativos de diferentes regiões da Europa e da África.

Os genes da população da primeira coorte — 1.309 indivíduos de Salvador (BA) — apresentam uma grande ancestralidade africana (50,8%), seguida da europeia (42,9%) e ameríndia (6,4%). Já na segunda coorte, composta por 1.442 pessoas da pequena cidade de Bambuí, no interior de Minas Gerais, a grande maioria de seu genoma é de origem europeia (78,5%), com uma pequena contribuição africana (14,7%) e ainda menor ameríndia (6,7%).

Por fim, na terceira e última coorte, formada por 3.736 indivíduos nascidos em Pelotas em 1982, a influência genética europeia também é grande (76,1%), com uma contribuição africana e ameríndia um pouco maior do que na de MG, de 15,9% e 8%, respectivamente.

Segundo o professor Tarazona (Foto 2, à frente), nossa miscigenação se difere da de outros países, onde a segregação foi imposta por lei. “Mas não deixa de haver uma separação. Nossa pesquisa relativiza a imagem da democracia racial brasileira. Existe uma tendência de as pessoas escolherem seus parceiros dentro de um padrão étnico e socioeconômico semelhante”, afirma.

Os resultados mostram que os brancos do sul e do sudeste carregam indícios do tráfico negreiro de regiões da África Sul-Oriental, como Moçambique. Já os genes de origem negra dos nordestinos são semelhantes aos da população do Oeste africano, da área sudanesa.

Do ponto de vista biológico e como contribuição para a saúde pública, esse estudo permite constatar a influência da região e da ancestralidade na incidência de determinadas doenças crônicas.

Já do ponto de vista histórico, foi possível preencher lacunas. O nível de aprofundamento dos dados permitiu traçar rotas intercontinentais e nacionais que tiveram seus registros apagados, após a promulgação da Lei Áurea. Constatou-se, por exemplo, que o trânsito de escravos entre o nordeste e o sudeste não era tão intenso. 


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MAIS INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA

Eduardo Tarazona Santos
Professor Adjunto do Instituto de Ciências Biológicas
Departamento de Biologia Geral
(55) 31 3409 2597   





Redação: Sarah Dutra (Estudante de Comunicação Social da UFMG)


CRÉDITOS DAS IMAGENS

1 - A Redenção de Cam (1895): avó negra, mãe mulata, esposo e filho brancos. O quadro sintetiza o ideal de branqueamento da população brasileira. Pintura de Modesto Brocos y Gomes. Wikipedia.org

2 - Professor Eduardo Tarazona - Foto de Foca Lisboa/UFMG.

 

 

 

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