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WhatsApp Image 2024 05 29 at 14.34.50Foram coletadas 1.192 diferentes espécies de plantas do município de Mariana até o Oceano Atlântico.

Desde o rompimento da barragem da mineradora Samarco no município de Mariana em 2015, muitos foram os efeitos nocivos causados ao meio ambiente e à população das cidades localizadas próximas ao epicentro desse desastre. A tragédia de Mariana ainda hoje é considerada a maior da história da mineração e afetou 2 milhões de pessoas em mais de 30 cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo.

A pesquisa coordenada por Geraldo Wilson Fernandes, biólogo do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução da UFMG e Doutor em Ecologia Evolutiva, foi responsável por analisar as espécies de plantas encontradas no curso do Rio Doce. Foram analisados 663 quilômetros através das margens do rio em um trecho que se estende desde o município de Mariana, na Região Central de Minas Gerais, até a foz, em Regência, no Espírito Santo. O intuito desse levantamento de dados era entender a biodiversidade da vegetação nesse percurso para guiar os projetos de restauração a serem implementados nas áreas impactadas pelo rejeito. Foram coletadas 9.471 plantas de 1.192 espécies diferentes, o que evidencia a grande diversidade dessa região.

Geraldo explica que um projeto de reflorestamento que leve em conta as espécies típicas de cada trecho é importante para a garantia da manutenção da biodiversidade:
“O propósito foi conhecer as diferentes matas (da região) para que elas sirvam de espelho para restaurar com biodiversidade e com qualidade o Rio Doce. Não apenas plantar árvores. Porque, na verdade, somente o plantio de qualquer árvore não significa ganho em biodiversidade.”.

As expectativas para o futuro do projeto são boas e o próximo passo é entender os diversos papéis dessas espécies e a relação delas com os polinizadores, dispersores de sementes e outros animais para, por fim, montar uma lista com as espécies de plantas que servirão como norteadores para o reflorestamento da região. Letícia Ramos, bióloga do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução da UFMG e PhD em ecologia, revela estar animada e orgulhosa com o que está por vir:
“Achei muito importante (o projeto) principalmente pela necessidade de recuperação correta dessas áreas. Estar envolvida em um projeto dessa magnitude pra mim foi grandioso, acho que a gente está no processo de mostrar que tem caminhos que devem ser seguidos para garantir a restauração eficiente nesses ambientes.”.

Apesar do sucesso do projeto, Geraldo lamenta a falta de investimento em ciência pelas gestões de governos anteriores com a qualidade e quantidade de recursos que estão sendo oferecidos agora, e considera esse um fator decisivo para o início tardio de ações envolvendo a vegetação destruída após o rompimento da barragem, que aconteceu em 2015. Será produzido um sumário executivo político para orientar os tomadores de decisão em futuros debates que envolvam a restauração da região do Rio Doce afetada pelo desastre.
“A ciência é capaz de produzir conhecimento, mas é preciso que os tomadores de decisão também entendam a importância do investimento em ciência para que ela possa nos ajudar a fornecer as respostas corretas que a sociedade precisa.”. Afirma Geraldo.

 

Redação: Timóteo DIas

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