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WhatsApp Image 2024 04 01 at 15.18.04Célula imune "matando" uma célula tumoral. Imagem disponível na internetEm testes in vitro, molécula responsável por inibir resposta imunológica e ajudar o tumor a crescer foi revertida

Estudos desenvolvidos no Laboratório de Imunoparasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB UFMG) identificaram um microRNA abundante na corrente sanguínea de pacientes com câncer de mama. As análises experimentais apresentaram pior prognóstico da doença quanto maior os níveis da pequena molécula no sangue. Na tentativa de reverter o quadro, o grupo desenvolveu e testou, in vitro, com sucesso, um inibidor do microRNA. A esperança é de que, em alguns anos, esse conhecimento possa ser usado para ajudar no tratamento do câncer de mama e, possivelmente, de outros tumores.

WhatsApp Image 2024 04 01 at 15.24.04A ideia de desvendar o miRNA e seus impactos funcionais em células imunes surgiu ainda no mestrado quando a bioquimica Mariana Sousa Vieira buscava verificar “gaps” da área de oncologia. Sob orientação do médico Helton Santiago, professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB e diretor clínico do Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG, durante seu doutorado, ela desenvolveu ensaios que permitiram avaliar a função de células imunes saudáveis em presença de vesículas plasmáticas circulantes de pacientes com câncer de mama ou doadoras saudáveis. E descobriu que a pequena molécula é responsável por inibir a resposta imunológica e ajudar o câncer a crescer.

“Vimos que, quando células imunes saudáveis ficavam em contato com essas vesículas de pacientes com câncer de mama, elas se tornavam menos eficientes em estimular uma resposta imune protetora, deixando de executar suas funções de forma completa”, relatou. “Para justificar o achado, analisamos o que estava ‘dentro’ das vesículas e identificamos um microRNA enriquecido nas vesículas plasmáticas de pacientes com câncer (cerca de um milhão de vezes mais quando comparado a outros indivíduos sem doença)”. Os pesquisadores usaram cerca de 40 amostras de pacientes com câncer de mama sem tratamentos, seja cirúrgico, quimioterápico e radioterápico, e 40 amostras de doadoras saudáveis de mesma faixa de idade média.

A partir da identificação do miRNA, que impacta a função de células imunes, a equipe de Santiago buscou avaliar se um inibidor desta molécula seria capaz de mudar tais efeitos. “Fizemos testes em cultura usando células humanas e, através do inibido, conseguimos reverter a função das células imunes prejudicadas”, revela. “Identificamos em nível molecular como o miRNA funciona e descobrimos que ele ‘desarranja’ uma proteína que chama GSKIP, e que o inibidor do miRNA 181b retoma a função de GSKIP”, explicou.

De acordo com Mariana Vieira, ensaios em animais estão em andamento e a equipe está conseguindo obter uma maior elucidação de como acontece essa reversão in vivo. Os experimentos, que prosseguem com a pesquisadora Caroline Leonel Vasconcelos, agora estão sendo realizados em camundongos, e tem como objetivo verificar seu efeito como tratamento. O estudo é financiado com recursos do CNPq, Capes e Fapemig. Os resultados estão em fase de submissão para publicação.

Redação: Dayse Lacerda

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