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Foto.SaraBernardes.BrunaBruna Santos e Sara Bernardes vão iniciar nova fase voltada para identificar também novos biomarcadores de prognóstico e alvos terapêuticos para auxiliar no tratamento do melanoma.Bolsa de mérito acadêmico vai custear apresentação de resultados parciais de pesquisa de doutorado em Patologia do ICB UFMG no principal evento mundial sobre melanoma, no início de novembro

“Identificação de lipídeos envolvidos na progressão do melanoma cutâneo” é o título do trabalho, de Bruna Nathália Santos, aluna do programa de pós-graduação em Patologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) UFMG, que terá seus principais resultados parciais apresentados no início de novembro, na Filadélfia, Estados Unidos, durante o 2023 Society for Melanoma Research Congress, um dos maiores eventos do mundo nesse campo.

O melanoma é um câncer de pele extremamente agressivo, embora raro, que começa nos melanócitos, as células que produzem pigmentos da pele. Apesar de sua gravidade e de todos os avanços da ciência, ainda não existem tratamentos efetivos para essa doença. Segundo Bruna Santos, que é biomédica, mesmo com os medicamentos mais modernos, é comum que o tratamento farmacológico não ter a resposta esperada, o que mostra a relevância de serem encontrados novos alvos terapêuticos para essa doença.

Embora as alterações no metabolismo energético das células cancerosas tenham sido descobertas há mais de 100 anos, somente com o advento das “ômicas”, mais recentemente, é que tornou possível o uso da caracterização de lipídeos e suas funções no câncer.

Os lipídeos são biomoléculas compostas por carbono, oxigênio e hidrogênio -- ou hidrocarbonetos --, que constituem os blocos de construção da estrutura e da função das células vivas. Exemplo dessas moléculas são as gorduras, as vitaminas A, D, E e K, o colesterol, os hormônios e boa parte da membrana que recobre as células.

Nesta pesquisa, a partir de amostras cedidas pelo Banco Nacional de Tumores, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), foram identificados e quantificados os lipídeos mais abundante nos tumores de melanoma, constituintes dos compartimentos e subcompartimentos celulares em 77 amostras de melanoma cutâneo.

Por meio de técnica de cromatografia líquida associada à espectrofotometria de massa, foi possível analisar diversas substâncias, com ampla caracterização de polaridade e massa molecular. “Assim foi possível identificar classe e espécies de cerca de 300 lipídeos por amostra, os quais foram submetidos a análises de bioinformática”, conta a orientadora da pesquisa, Sara Santos Bernardes, professora do departamento de Patologia Geral do ICB.

O PAPEL DOS LIPÍDEOS

A professora explica que durante a progressão do câncer ocorre a reprogramação do metabolismo lipídico, para suprir as demandas celulares. A proliferação desordenada das células tumorais exige mais lipídeos para formar as organelas e as membranas celulares. Para os processos de proliferação, migração e invasão celular há o aumento do consumo de energia química. “Alguns estudos já mostraram que o perfil lipídico do melanoma difere de acordo com a capacidade de invasão da lesão. Dessa maneira, compreender o metabolismo lipídico em tumores de melanoma pode abrir caminhos para descoberta de novos alvos terapêuticos”, esclarece Sara Bernardes.

Até agora foi possível mostrar que a presença de alguns lipídeos - como fosfaditiletanolamida e ésteres de colesterol - se relacionam com uma redução na sobrevida global dos pacientes em um período de cinco anos, considerando este tempo como a média de vida de pacientes após a remoção cirúrgica do tumor avaliado. Os próximos passos envolvem a exploração das vias metabólicas dos lipídeos relacionados com um pior prognóstico da doença em modelos experimentais in vitro e in vivo, para tentar identificar também novos biomarcadores de prognóstico e alvos terapêuticos para auxiliar no tratamento do melanoma.

PARCERIAS E CONVÊNIOS

Sara Bernardes faz questão de destacar a importância das parcerias científicas para o desenvolvimento da pesquisa, que continua sendo realizada. Além da equipe do ICB, o trabalho tem também a colaboração de Patrícia Abrão Possik e Marco Pretti, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), assim como de Sayuri Myamoto e Marcos Yukio Yoshinaga, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ USP).

Os recursos necessários para cobrir as despesas de inscrição, viagem, hospedagem e alimentação para apresentar o trabalho foram garantidos pela comissão organizadora do próprio congresso, por meio de uma bolsa financeira baseada em mérito acadêmico, ou grant. Na sequência da pesquisa, a parte experimental, tem o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).

 

Redação: Marcus Vinicius dos Santos – Jornalista ICB UFMG

 

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