Menu

meioCASCAS - método diagnóstico pode ser usado principalmente em hospitais, tanto em pacientes como em equipamentos Foto: Pesquisa Desenvolvido no ICB UFMG usando substâncias nutritivas junto com inibidores de crescimento de outros microrganismos, nova tecnologia viabiliza testes rápidos, barateia processo e agiliza início de tratamento

Em comparação com a quantidade de produtos para diagnóstico de bactérias e vírus, o número de testes específicos para identificação de fungos ainda é muito reduzido. Como é o caso da levedura Candida auris, fungo de difícil tratamento, que pode causar infecção sistêmica em pacientes internados e bastante debilitados, geralmente em UTI, podendo até ser fatal.

Buscando uma forma mais ágil e mais prática de enfrentar esta questão, os pesquisadores do Laboratório de Taxonomia, Biodiversidade e Biotecnologia de Fungos do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG desenvolveram um meio de cultura Candida Auris Selective, ou CAS, que pode ser usado como coadjuvante no processo de controle de infecções hospitalares causadas por esta levedura. O pedido de depósito de patente do produto está em andamento.

c.auis.ICB.UFMGFluxo de execução do trabalho de identificação de Candida auris utilizando CAS. Etapas a serem desenvolvidas após o crescimento da levedura suspeita.É bom esclarecer que “meios de cultura” são preparações que fornecem nutrientes para que os microrganismos se desenvolvam mais rapidamente, em ambiente controlado. Como se trata de algo muito reduzido, o crescimento exagerado do organismo permite sua visualização a olho nu. “Os testes mostraram sensibilidade de 92,9% e especificidade de 100% para a Candida auris”, afirma a professora Susana Johann, orientadora do estudo.

Segundo a farmacêutica Viviane Cata Preta Souza, mestre em Microbiologia (Mestrado Profissional em Microbiologia Aplicada do ICB UFMG), também autora da pesquisa que levou ao desenvolvimento do novo método, ele pode ser usado principalmente em hospitais, tanto em pacientes como em equipamentos. “Dentre as vantagens observadas, além de mais barato e mais fácil de manusear do que os métodos disponíveis, ele também não exige treinamento técnico para seu uso e interpretação dos resultados”, descreve.

Em caso de resultado positivo, os profissionais dos hospitais podem agir mais rapidamente, podendo adotar medidas de biossegurança para confirmar o resultado usando testes mais específicos, realizados em laboratórios de referência. Se confirmado o resultado positivo, o tratamento adequado pode ser imediatamente adotado. As pessoas diagnosticadas também teriam acesso ao início da solução mais rápido. E aí, já sabemos: tratamentos adequados iniciados precocemente têm maior chance de cura.

“Acreditamos que essa solução pode ser muito eficaz como teste auxiliar na identificação da Candida auris, ao viabilizar a testagem de um número maior de amostras. O resultado final esperado é a preservação de mais vidas, uma melhor qualidade de vida para pacientes e profissionais de saúde, bem como a redução do uso de recursos financeiros no processo de limpeza, transporte e exames de triagem”, enumera a professora.

microcultivo C.auris.web

ENTENDA MELHOR A INFECÇÃO

Descrita pela primeira vez, no Japão, em 2009, essa levedura se dispersou por todos os continentes, com exceção da Antártica. No Brasil, ela chegou só em 2020. O problema é que, em algumas pessoas, a Candida auris pode entrar na corrente sanguínea e se disseminar pelo corpo. Essa infecção pode decorrer de um desequilíbrio no sistema imunológico, de procedimentos médicos invasivos ou de lesões graves, como queimaduras.

O risco é maior para os pacientes hospitalizados por muito tempo, que têm um cateter venoso, já receberam antibióticos ou medicamentos antifúngicos. Se a pessoa se tornar imunossuprimida corre maior risco de infecções por outros fungos comuns, que estão por aí no nosso dia a dia. Quando ela causa infecções invasivas, chamadas de candidemia, nem sempre os medicamentos usados dão conta do tratamento.

A candidemia é uma forma grave de infecção no sangue, cuja incidência tem aumentado recentemente. Segundo pesquisa realizada entre 2008 e 2012, em 22 hospitais no Brasil, a taxa de mortalidade em 30 dias é de 60,8%. Um levantamento realizado em oito hospitais no estado do Paraná, em 2016 e em 2017, indicou incidência de 1,20 para cada 1000 admissões, e uma taxa de 0,27 para cada 1000 pacientes-dia. A taxa de mortalidade registrada foi de 48%.

 

 

Redação: Marcus Vinicius dos Santos - Jornalista / Comunicação ICB UFMG

 



Pesquisar

Instagram Facebook Twitter YouTube Flickr
Topo