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Dry forest of Southeast Atlantic Forest Brazil Credits Mario Espirito SantoVariedade de espécies arbóreas é resultado da combinação de condições ambientais e evolução do continente

Um estudo publicado na revista científica Science Advances, e que teve a participação do biólogo Geraldo Wilson Fernandes, professor do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, mostra que as florestas em processo de regeneração natural em áreas agrícolas abandonadas, como algumas do Oeste do México ao Sul do Brasil, podem ajudar a restaurar e conservar as distintas regiões ecológicas, ou biomas, nas Américas.

O estudo, realizado pela rede de pesquisa colaborativa 2ndFOR sobre florestas secundárias (www.2ndFOR.org) com recursos da European Research Council Advanced Grant PANTROP, descobriu que a composição de espécies de árvores das florestas jovens em regeneração é muito variável em todo o continente americano, formando 14 distintas regiões florísticas, ou unidades naturais que possuem plantas com flor, com uma diferença entre grupos de 0,97.

A pesquisa observou a composição florística de 1.215 florestas de sucessão com menos ou 20 anos, em 75 paisagens modificadas pelo homem em todo o reino Neotropical (sul da América do Norte, grande parte da América Central, Caribe e quase toda a América do Sul - com exceção do setor sudoeste). Elas foram associadas à localização, biorregiões, pH do solo, sazonalidade da temperatura e disponibilidade hídrica.

De acordo com o professor Geraldo Fernandes, membro titular da Academia Brasileira de Ciências, os achados surpreenderam. Ele afirma que, no início, “pensava-se que essas florestas jovens seriam dominadas pelo mesmo pequeno conjunto de espécies pioneiras generalistas”, ou seja, aquelas com alta capacidade de adaptação a condições adversas do ambiente.

Pastures and second growth in the background Wet Forest Costa Rica12 Credits Robin ChazdonA autora principal Catarina Jakovac, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no Brasil, explica que “80% das 2.164 espécies analisadas estavam presentes em apenas uma região florística” e que isso “significa que diferentes grupos de espécies prosperam em cada região e, portanto, a regeneração de florestas pode ajudar a conservar a diversidade de biomas nas Américas”. A pesquisa mostrou ainda que a atual composição de espécies é o resultado combinado de uma história biogeográfica antiga do continente e de condições ambientais recentes, ou seja, ao longo da evolução, algumas regiões, como as Américas do Norte e do Sul, por exemplo, tiveram um intenso intercâmbio de espécies com a América Central e a Amazônia, enquanto outras regiões como a Sudeste e Sul da Mata Atlântica se mantiveram separadas da Amazônia por uma região de Cerrado durante cerca de 33 milhões de anos. As variações nas condições ambientais consideradas no estudo aparecem impactando a composição das espécies e a distinção ou homogeneização entre biomas em escala continental.

Segundo o professor Geraldo Fernandes, os achados indicam que as iniciativas de restauração florestal devem ser criteriosas na seleção de espécies, priorizando as locais em esforços de restauração com o propósito de conservar a variabilidade entre ecossistemas ao longo do continente.

Leia o artigo na íntegra em https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.abn1767

Redação: Dayse Lacerda

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