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Holanden.Paulo.Garcia.ICB.UFMGEm pose especial para os pesquisadores da UFMG, um registro da Holoaden luederwaldti no Parque Nacional do Itatiaia (22°22'21.13"S, 44°45'13.29"O). Foto: Paulo Garcia – Fevereiro/2021

Descoberta é a segunda em quatro meses de pesquisa na região

Com o charmoso nome de Holoaden luederwaldti (pronuncia-se ‘olanden ludervalti’), a rãzinha-verrugosa-da-serra-de-Luederwaldt ou Luderwaldt's Highland Frog, em inglês, foi reencontrada, depois de mais de 60 anos desaparecida, por uma equipe de pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG. O último registro que se tinha dela era de 1957, na localidade de Brejo da Lapa, no Parque Nacional do Itatiaia.

O registro foi realizado em fevereiro, pela equipe de Herpetologia (ciência que estuda os anfíbios e os répteis), do departamento de Zoologia do ICB UFMG e que integra o projeto “Diversidade Desaparecida – Procura de espécies de anfíbios consideradas desaparecidas no Parque Nacional do Itatiaia”, coordenado pelo professor Paulo Christiano de Anchietta Garcia e pela pós-doc Bárbara Fernandes.

Segundo a literatura científica, a rãzinha pode medir entre 3 cm e cerca de 5cm de comprimento, e sua reprodução ocorre entre os meses de outubro e dezembro. Seu nome faz referência à sua pele cheia de glândulas e uma curiosidade é que esta rã tem desenvolvimento direto, ou seja, não passa pelo estágio larval, a de girino. Devido à sua raridade e baixo número de registros é considerada como "Em Perigo", na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas.

Descrita no Parque Estadual de Campos do Jordão, no Estado de São Paulo, esta pequena rã também habita o Parque Nacional de Itatiaia, ambas as áreas compostas de floresta úmida da serra da Mantiqueira, em altitudes entre 1500m e 2100m.

DIVERSIDADE DESAPARECIDA

"Este encontro é ainda um resultado parcial de uma pesquisa mais ampla, que visa descobrir o máximo possível de espécies que sumiram do Parque há mais de 30 anos. Porém, como tudo no momento, ainda estamos muito limitados pela pandemia”, esclarece o professor Paulo Garcia, que também integra os programas de pós-graduação em Zoologia e de Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre do ICB UFMG.

Ele relata que desde novembro de 2020 já foram realizadas três campanhas no Parque e esta é a segunda espécie localizada. “Mas, esse encontro nos deixa muito animados, especialmente porque, além de ser considerada desaparecida na região, este é o segundo registro de espécie de anfíbio que fizemos em um período relativamente curto”, afirma, na expectativa de brevemente fazer novas descobertas.

O projeto busca organizar o conhecimento sobre as espécies do Parque, como forma de conscientizar os processos de tomada de decisão e de avaliação de políticas públicas direcionadas ao manejo e conservação da biodiversidade nesta área protegida. A principal justificativa do trabalho se baseia no aumento das pressões sobre as áreas protegidas e sobre as espécies. “Precisamos do máximo possível de informações sobre a nossa fauna e flora, para que se possa manejar os recursos naturais com mais consciência de modos de garantir a diversidade biológica da região”, diz o pesquisador.

O encontro anterior foi a da rã Hylodes regius ("Ilodes régius"), outra espécie endêmica, ou seja, que só é encontrada no local. "Desde 1979 não havia registro da localização da Hylodes", conta. A "redescoberta" foi feita tanto pelo grupo da UFMG como também por pesquisadores da Unesp de Rio Claro, de forma independente, em áreas distintas do mesmo Parque.

“Isso mostra o impacto e a importância da preservação da área do Parque para a Conservação da fauna, inclusive de espécies hoje consideradas em “Perigo de Extinção”, mas que nossos resultados podem levar à revisão futura dessa classificação, assim como da adoção de políticas públicas adequadas”, conclui Bárbara Zaidan.

Além do apoio do Parque e do Instituto Alto Montana, o "Diversidade desaparecida" tem financiamento do CNPq e da organização The Mahamed bin Zayed Species Conservation Fund, dos Emirados Àrabes.

 

MAIS INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA

Prof. Paulo Christiano de Anchietta Garcia - Depto. Zoologia ICB UFMG -

 

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