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Klebsormidium bilatum Belgium Del.BemAs primeiras formas de vida que se adaptaram ao solo do planeta Terra não eram organismos complexos, mas algas unicelulares. “Em diversos momentos, populações de algas simples, unicelulares, saíram da água para a terra, onde posteriormente evoluíram para organismos complexos, multicelulares. As plantas terrestres provavelmente são descendentes destas populações de microalgas terrestres”, afirma Luiz Eduardo Del Bem (foto menor), professor do departamento de Botânica do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, autor da “teoria da microfloresta” que busca explicar como os ecossistemas terrestres surgiram.

logo.XIWBV.ICB.UFMG.2019Publicada no artigo “Xyloglucan evolution and the terrestrialization of green plants” (A evolução do xiloglucano e a terrestrialização das plantas verdes), da revista científica New Phytologist, a “teoria da microfloresta” será explicada no ICB com mais detalhes pelo próprio cientista, no dia 12 de setembro, às 14h, dentro da programação 11º Workshop do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, do ICB UFMG (Inscrição gratuita. Auditório Cerrado (3). ICB. UFMG)

Del Bem defende que as primeiras plantas terrestres eram derivadas de algas terrestres simples. “Uma alga complexa e altamente especializada em viver dentro da água teria muitas dificuldades para sobreviver fora dela”, ensina o cientista, em seu esforço de explicar como a colonização da terra começou. “Com diversas ondas de diferentes tipos de algas microscópicas, que teriam sido as responsáveis por começar a preparar o solo dos ecossistemas em terra firme, para receber outros seres vivos”, afirma.

Essas comunidades de algas se tornaram os primeiros produtores primários -- que fazem Del.Bem.2019fotossíntese -- em terra firme. “Uma das implicações desta teoria é que este tipo de microecossistema poderia ter produzido os primeiros solos do planeta, que, por sua vez, podem ser definidos como rochas moídas misturadas a componentes biológicos que produzem agregação dessas partículas”, explica o professor, citando como exemplo disso o xiloglucano, um polissacarídeo usado por plantas para modular a agregação do solo em torno das raízes.

O trabalho tem como base hipóteses formuladas pelos cientistas estadunidenses Ledyard Stebbins e Hill, ainda em 1980 - que inclusive confirma -, e cuja viabilidade teria aumentado muito a partir de uma descoberta recente a respeito do polissacarídeo xiloglucano. Uma outra pesquisa inglesa já havia determinado que a função deste carboidrato não é estrutural. Presente em todas as plantas terrestres e em algumas espécies de algas conhecidas como carófitas, ao se agregar ao redor de uma raiz, de onde é secretado, o xiloglucano poderia ajudar as plantas terrestres a modularem as propriedades do solo em torno das raízes.

Essa habilidade de “melhorar” o solo teria sido essencial no período de início da colonização terrestre, preparando a terra para receber novas plantas e formas de vida. “Neste ponto de vista, mostro a presença de um complexo mecanismo genético na maioria dos grupos de algas carófitas. Discuto o contexto da evolução do xilogucano à luz da conquista do meio terrestre por algas que dariam origem às embriófitas (plantas terrestres) e seu possível papel na formação precoce do solo.

Segundo o cientista, seu trabalho integra uma linha de pesquisa maior, iniciada na Universidade Federal da Bahia, por meio da qual se busca entender a origem das plantas terrestres (Embryophyta), que são todas as plantas que corriqueiramente vemos, desde os menores musgos até as maiores árvores. “Acredito que estas comunidades de microorganismos podem nos ensinar muito sobre como os primeiros ecossistemas terrestres eram”, avalia. Para isso o projeto propõe sequenciar o DNA total de comunidades de microalgas terrestres (“o que chamamos de metagenoma”), para identificar quais organismos estão lá e o que são capazes de fazer em termos funcionais.

“Queremos conhecer os genes dessa comunidade”, esclarece Del Bem, destacando ainda que outro objetivo é medir a capacidade de agregação de solo de diversos grupos de algas com técnicas experimentais modernas, o que pode comprovar a ideia de que essas primeiras comunidades terrestres fotossintetizantes, compostas inicialmente apenas por organismos microscópicos, foram responsáveis por criar os primeiros solos do planeta Terra.

Recentemente, o laboratório de Del Bem recebeu financiamento do Instituto Serrapilheira, instituição privada sem fins lucrativos que tem o objetivo de financiar pesquisas que se destaquem pela excelência. Ele também tem apoio da CAPES.

 

SERVIÇO
XI Workshop do Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal da UFMG
Data: 7 a 13 de setembro
Local: Auditório Cerrado. ICB UFMG. Avenida Presidente Antônio Carlos, 6.627. Campus, Pampulha. Belo Horizonte. MG.
Inscrições gratuitas
MAIS INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: Site do Simpósio

Para ler o artigo, em inglês, clique aqui

 

CONTATOS PARA A IMPRENSA:
Professor Luiz Eduardo Del Bem. Departamento de Botânica do ICB UFMG
(31) 3409 2689

 

MAIS INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA
Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais
Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica
Redação: Pedro Henrique Carvalho Domingos – Bolsista FUMP
Jornalista responsável: Marcus Vinicius dos Santos – 6139 MG
| www.icb.ufmg.br  | (31) 3409 3011 |
Av. Presidente Antônio Carlos, 6627. Pampulha. Sala 173. Bloco J1.
CEP 31.270-901. Belo Horizonte. MG. Brasil.

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