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Figura para divulgação Uma pesquisa desenvolvida em colaboração entre o Liver Center UFMG e o Yale Liver Center, dos Estados Unidos, publicada na semana passada na GUT – uma das mais conceituadas revistas médicas da área da hepatologia e gastroenterologia, editada pela Sociedade Britânica de Gastroenterologia –, abre um novo caminho para a melhor compreensão do processo de formação do carcinoma hepatocelular – tipo mais comum de câncer de fígado e segunda causa de morte entre os mais de 300 tipos de cânceres conhecidos.

No estudo os cientistas da UFMG e da Yale analisaram a expressão da isoforma 3 do receptor de inositol 1, 4, 5-trifosfato (o ITPR3) em amostras de fígado humano e em células de câncer de fígado de camundongo. Segundo a cientista que lidera a pesquisa, professora Maria de Fátima Leite, do departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, a metilação do DNA – um tipo de alteração reversível e que consiste na adição de um composto orgânico de carbono e hidrogênio na citosina – quando ocorre na região do gene que é responsável por codificar o ITPR3 promove a regulação da expressão desse tipo de gene nas células hepáticas saudáveis, os hepatócitos.

“Esse gene novo altera a sinalização intracelular de cálcio levando a um aumento da proliferação celular e à redução da autodestruição das células tumorais (apoptose), eventos importantes para a formação do tumor hepático”, explica Rodrigo Machado, coautor do estudo, pesquisador do Laboratório do Cálcio do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.

O estudo mostra que a presença da proteína, o receptor de IP3 do tipo 3 (ITPR3), pode ser um marcador biológico da doença, uma vez que sua expressão precede o estabelecimento desse tipo de câncer. O ITPR3 funciona como um canal r de íons de cálcio e é codificada pelo gene de mesmo nome. Isso significa dizer que surge um novo receptor, até então não considerado pelos especialistas, “independentemente da causa subjacente da doença hepática crônica”, alerta Rodrigo Machado. Ele também destaca que o aumento do nível de expressão desse receptor no tumor foi associado a uma sobrevida menor do paciente.

A sinalização intracelular está relacionada ao processo como as células codificam alterações bioquímicas em uma determinada função do organismo. Vias de sinalização são sinais químicos que correspondem à forma como as células se comunicam entre si. De forma resumida, as moléculas sinalizadoras se ligam a outras, receptoras (sinal intercelular), carregando mensagens que são retransmitidas a uma cadeia de mensageiros químicos que convertem essa mensagem dentro da célula (sinal intracelular). Isso, por sua vez leva a uma resposta, a uma mudança no interior da célula, que pode ser genética ou disparar um processo celular, por exemplo.

O íon cálcio (Ca²+) é um desses agentes químicos responsáveis por regular várias funções celulares, inclusive a proliferação de hepatócitos normais e etapas importantes para o crescimento do tumor. No fígado, os receptores ITPR são os únicos canais intracelulares de cálcio, sendo que nos hepatócitos saudáveis as únicas isoformas encontradas são as ITPR1 e ITPR2. O ITPR3 é expresso em quantidades insignificantes em condições normais, porém ele é expresso no tumor hepático.

Já se sabe que o carcinoma hepatocelular se desenvolve na principal célula hepática, o hepatócito, e que ele surge a partir de várias doenças hepáticas crônicas, como por exemplo, hepatite B e C, ou do consumo abusivo de álcool, doença hepática gordurosa, entre outras. Embora existam estudos de diversas vias moleculares para se tentar identificar o processo pelo qual surge essa doença, ainda não se identificou nenhuma via comum de sinalização intracelular relacionada a esse tipo de câncer ou a qualquer condição prévia que pudesse indicar o surgimento da doença. O trabalho foi financiado pelo CNPq, Capes e Fapemig.

LEIA O ARTIGO
Expression of the type 3 InsP3 receptor is a final common event in the development of hepatocellular carcinoma

Publicado em 17 de julho de 2019

 


MAIS INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA
Dr. Rodrigo Machado. . (31) 3409 2518

Profa. Maria de Fátima Leite. . Lab. Sinalização de Cálcio. Departamento de Fisiologia e Biofísica. A4-246. (31) 3409 2947

 

 

Redação: Marcus Vinicius dos Santos - MTB 6139 MG

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