O acometimento hepático decorrente da febre amarela é um fenômeno novo ou já fora observado em surtos anteriores da doença?
A última epidemia que enfrentamos apenas realçou as complicações hepáticas decorrentes da doença. A progressão da insuficiência hepática em pacientes com febre amarela é muito rápida e é a maior causa de mortes. A novidade é que agora o transplante de fígado foi introduzido, com sucesso, como estratégia de tratamento.Qual a razão desse surto tão grande de febre amarela?
As principais causas da última epidemia em Minas Gerais são a deficiência de vacinação e os problemas ambientais que ocorreram no estado nos últimos anos. O surto foi muito grave no último ano. Os casos diminuíram recentemente, mas espera-se que aumentem novamente no fim do ano.Como o simpósio busca contribuir para o enfrentamento da doença?
O simpósio reunirá professores, pesquisadores e médicos de vários locais. Queremos nos preparar melhor para enfrentar o novo surto. Teremos palestras sobre aplicação de biomarcadores, kits seletivos para detecção da febre amarela, estratégias de tratamento, avaliação patológica e pesquisas aplicadas e em modelo animal.Tudo pensado para explicar melhor o que está acontecendo com o fígado, o porquê dessa evolução tão grave e como podemos nos preparar melhor para a volta da epidemia.Que linhas de pesquisa têm sido desenvolvidas na UFMG sobre a febre amarela e o acometimento hepático?
Na UFMG já existiam pesquisas na área de febre amarela, mas com a recente epidemia, as pessoas “saíram da zona de conforto” por causa da questão hepática. Da mesma forma, pesquisadores que já estudavam o fígado se voltaram também para a febre amarela. Observou-se a necessidade de reunir os grupos e mudar a direção das pesquisas para focar nesse grande problema de saúde pública. Essa preocupação alcança, inclusive, o nosso grupo de pesquisa (Liver Center), criado no ano passado em parceria com a universidade de Yale (EUA). Com a grande incidência de problemas hepáticos atrelados à febre amarela, estamos mais atentos a essa questão.
(Com redação de Dalila Coelho / Agência de Notícias da UFMG)