RESUMO
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Neste projeto pretendemos avaliar o impacto de ações de tratamento e de medidas profiláticas na prevalência de parasitoses intestinais nas comunidades estudadas, todas em Belo Horizonte. A primeira etapa deste projeto consiste em uma triagem de pessoas infectadas da comunidade a partir de exames de fezes positivos no laboratório de referência do centro de saúde que atende a referida comunidade. Os indivíduos positivos nos exames do referido laboratório constituirão indicadores de infecção para iniciarmos os estudos na comunidade alvo. Em uma reunião prévia realizada com os líderes comunitários, a equipe explicará os objetivos do trabalho e como se realizarão as coletas de material fecal dos indicadores de infecção e seus familiares. Cada participante receberá por escrito o termo de esclarecimento ao paciente contendo informações sobre o projeto. Somente o participante ou responsável que assinar este termo de consentimento pós-informado, conforme resolução 196/96, participará deste projeto. Um questionário clínico e outro sanitário, elaborados especialmente para este estudo, serão aplicados aos voluntários. Estes questionários, instrumentos básicos de contextualização das medidas profiláticas a serem adotadas, possui informações referentes a hábitos alimentares e higiênicos da população em estudo, procurando identificar os prováveis fatores de risco para parasitoses intestinais às quais elas se expõem. Palestras sanitário-educativas factíveis de serem adotadas pela comunidade serão ministradas buscando suscitar em cada participante sua importância no estabelecimento e manutenção da saúde. Quatro meses após o tratamento e sugestões profiláticas, será realizada nova coleta de fezes visando determinar o impacto das ações adotadas.
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1. APRESENTAÇÃO
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Um dos grandes problemas de saúde que acometem a população de países subdesenvolvidos é representado por doenças parasitárias. Este fato se deve principalmente às precárias condições de saneamento básico e higiene em que vivem os indivíduos destes países. As parasitoses se traduzem em prejuízo não só para o indivíduo, mas também para a comunidade e para o Estado, que além de sofrerem prejuízos com a redução da produção econômica dos doentes, também tem de arcar com os gastos decorrentes do tratamento.
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No Brasil, as verminoses e protozooses são doenças que assumem particular importância, estando intimamente ligadas ao nível sócio-econômico das comunidades atingidas (Povoa e cols., 2000). Tais comunidades, na maioria das vezes, não contam com saneamento básico, essencial para manter as condições favoráveis à saúde, e se o têm não contam com programas de educação e conscientização sanitária, essenciais no estabelecimento de uma comunidade saudável. A falta de destino das fezes, por exemplo, provoca a contaminação de solos e rios, que se tornam fontes para infecção de novos indivíduos (Vianna, 2006). Outro fator que favorece o agravamento das infecções parasitárias é a alimentação deficiente. Desta forma, o indivíduo infectado, por exemplo, com Taenia, ou com exemplares de Ascaris lumbricoides, cujas infecções podem durar anos, possuem competidores nutricionais potencias que favorecem para o seu depauperamento físico e mental.
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Em um estudo piloto realizado por nossa equipe na periferia de Belo Horizonte, (Furst e cols. 2000; Assis Gomes e cols. 2003) observamos alta incidência de parasitoses, apesar de a região estudada possuir saneamento básico. Estes resultados talvez estejam relacionados à falta de informação a respeito dos mecanismos de infecção, que propiciariam a estes indivíduos subsídios para utilizarem mecanismos, muitas vezes simples, de prevenção.
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Neste contexto o conhecimento da prevalência de infecções parasitárias em diferentes comunidades pode favorecer a efetivação de medidas profiláticas que privilegiem as individualidades destas comunidades.
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Considerando tais informações, acreditamos ser de fundamental importância a realização de um programa de esclarecimento e sugestão de soluções que visem possibilitar uma melhoria das condições sanitárias dessa comunidade, privilegiando as formas de prevenção e controle das parasitoses intestinais. Neste sentido, a educação em saúde é uma estratégia que pode ser utilizada para desenvolver na população a consciência da importância da manutenção da saúde e da necessidade de romper com a visão de saúde como ausência de doença, exigindo, para tanto, a proximidade com a população para conhecer seus problemas, suas necessidades e criar um vínculo entre os profissionais de saúde e o coletivo facilitando o desenvolvimento de ações em saúde.
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Esta visão mais ampla da saúde, no entanto, só foi possível devido às mudanças dos modelos assistenciais e a implantação do modelo de Vigilância da Saúde, que trouxe alterações significativas para a área da saúde. Trata-se de um modelo que visa a superação do modelo que privilegia a demanda espontânea e o enfoque na cura de doenças, pois implanta ações de prevenção a agravos e promoção da saúde que vão além do espaço físico do Centro de Saúde; vai até a população, chegando às suas casas, escolas e outros locais que fazem parte de suas vidas.
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A aproximação dos estudantes à realidade local, à comunidade, e o levantamento da prevalência parasitológica naquela área, proporciona que as ações educativas que são desenvolvidas pelo projeto sejam mais efetivas de modo a conscientizar a população da necessidade de mudança de atitudes, capacitando e conscientizando o indivíduo como o agente promotor de sua saúde e multiplicador em seu ambiente familiar.
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2. JUSTIFICATIVA
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Doenças parasitárias se traduzem em perda da qualidade de vida como também em perdas econômicas e sociais. Dentre as doenças que atingem populações de baixa renda, encontramos as enteroparasitoses ocupando lugar de destaque, constituindo o principal fator a contribuir para o depauperamento físico e mental de nossas crianças, gerando adultos com deficiência intelectual e física. Estes indivíduos constituem grande maioria da população dos países subdesenvolvidos como o nosso. A infecção por parasitas é na maioria dos casos, fruto da falta de saneamento básico e educação sanitária. Contudo, o conhecimento dos mecanismos de infecção de muitas parasitoses, pode resultar em eficiente profilaxia e controle das mesmas, “O Jeca não é assim, está assim” – Monteiro Lobato.
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O diagnóstico epidemiológico é referência importante na orientação de intervenções terapêuticas e profiláticas para o controle das enteroparasitoses. Assim sendo, pretendemos neste estudo, avaliar a eficácia das medidas terapêuticas e profiláticas na prevalência de parasitoses intestinais nas comunidades residentes nas áreas menos privilegiadas de Belo Horizonte.
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Em estudos anteriores (Furst e cols. 2000; Assis Gomes e cols. 2003) aplicados a estudantes de escolas na periferia de Belo Horizonte e uma comunidade indígena, verificamos que o esclarecimento reverteu em diminuição das parasitoses.
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Este mesmo projeto, aplicado nas comunidades do Conjunto Santa Maria, Conjunto Felicidade e Alto Vera Cruz, todaslocalizadas em Belo Horizonte, foi observada uma prevalência global de infecções por enteroparasitoses de 48,9%, 41,37% 3 e 45,7%, respectivamente.
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3. OBJETIVOS
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Determinar a prevalência de enteroparasitoses em residentes das Comunidades estudadas utilizando os indicadores de infecção obtidos através da análise dos exames de fezes do Laboratório Distrital de referência;
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Avaliar a presença de enteroparasitados como fator de risco para o grupo familiar;
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Tratamento das pessoas infectadas visando não só a recuperação do doente, como também a diminuição da transmissão;
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Esclarecimento quanto as formas de transmissão das doenças parasitárias objetivando a eficácia profilática;
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Verificar a eficácia profilática (tratamento e educação sanitária) após 4 meses do tratamento das pessoas infectadas;
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Desenvolver ações educativas que promovam a saúde da população;
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Determinar a prevalência de Blastocystis hominis na comunidade estudada e associar a infecção à manifestações clínicas;
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Reduzir os níveis de transmissão através da promoção de hábitos de higiene e auto-cuidado;
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4. METODOLOGIA
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Desenho: Este é um estudo observacional e de intervenção, onde teremos uma primeira etapa observacional, para avaliação da prevalência de enteroparasitoses, seguida de uma segunda etapa, onde serão realizadas intervenções propedêuticas e terapêuticas, já conhecidas, difundidas e consagradas em relação às enteroparasitoses.
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Critérios de inclusão: Todos os familiares dos indicadores de infecção que consentirem em participar do estudo (Assinatura do TCLE).
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Critérios de exclusão: Pacientes que não consentirem em participar do estudo(Nâo assinatura do TCLE).
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Análise estatística: Os dados serão analisados no programa estatístico SPSS – versão 15.0. Os resultados serão apresentados pela média e desvio padrão. A comparação entre os grupos será realizada usando o mann-Whitney U teste para variáveis contínuas ou o teste exato de Fisher, para as variáveis categóricas. Será considerado estatisticamente significativo um p> 0,05.
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Conceito de Indicadores de infecção: indivíduos com exame de fezes positivo para qualquer enteroparasitose.
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Escolhemos trabalhar na Comunidade da periferia social de Belo Horizonte, por contarmos com a ajuda de líderes comunitários e do ‘staff’ técnico de cada centro de Saúde que atende às comunidades alvo, com destaque ao apoio da Gerencia das Unidades que nos introduzem nas comunidades, criando assim as condições necessárias para o bom desenvolvimento do projeto. O trabalho é voltado para os residentes da comunidade que aderirem ao projeto, estando os pesquisadores sempre atentos às necessidades locais que podem receber apoio da equipe do projeto.
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Avaliamos durante três meses a prevalência de enteroparasitoses nos clientes do laboratório de referência, que atende às respectivas comunidades dos centros de Saúde atendidos pelo projeto, determinando, assim, indivíduos indicadores de infecção que serão o alvo das intervenções. Para tal, os indivíduos indicadores de infecção e seus familiares serão convidados a participarem do projeto. Esta etapa contará com a ajuda dos agentes comunitários de saúde. Será explicado aos simpatizantes do projeto o trabalho que pretendemos fazer. Aos indivíduos que aceitarem participarem do estudo, será fornecido um frasco individual e etiquetado contendo formol 10% para coletarem as fezes, que serão posteriormente analisadas pela nossa equipe. O material será examinado pelo método de centrífugo-concetração em formol-éter, por ser um dos métodos mais sensíveis na identificação de enteroparasitos de uma maneira geral.
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Durante a visita são aplicados Inquérito Sanitário-Alimentar e Questionário Clínico de modo a identificar, a partir dos dados coletados, procedimentos, hábitos alimentares e higiênico-sanitários que possam contribuir para a prevalência de doenças infecciosas com rota de contaminação oral-fecal.
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As amostras são recolhidas no CS e encaminhadas ao Laboratório de Amebíase do Depto. de Parasitologia da UFMG para análise.
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Os indivíduos positivos passarão por exame clínico no Centro de Saúde e será prescrito aos mesmos tratamento específico. Visando a profilaxia, apresentaremos palestras aos participantes sobre as formas de transmissão das doenças parasitárias a fim de informar aos indivíduos como podem ser evitadas as doenças e como melhorar as condições sanitárias local. Será desenvolvido junto à comunidade hábito de utilizar os conhecimentos adquiridos através de práticas a partir da realidade local. Estas palestras serão administradas em módulos, com pequenos grupos de pessoas, tendo como fundamentação teórico metodológica a abordagem sócio política.
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Em nossa equipe, contamos com parasitologistas graduados em Farmácia-Análises Clínicas o que possibilitará a oficialização dos exames laboratoriais. Os indivíduos infectados serão encaminhados aos postos de saúde local para obterem os medicamentos prescritos. Quatro meses após a administração do tratamento, novos exames de fezes serão feitos, objetivando verificar a eficácia das intervenções que inclui o tratamento específico e os conhecimentos adquiridos nas palestras.
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Ações promotoras da Saúde
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Durante as visitas domiciliares é feita uma rápida abordagem com os moradores sobre as formas de contágio, transmissão e controle dos enteroparasitas.
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Para encerrar as atividades na comunidade desenvolvemos um evento aberto ao público em geral, mas focado na área de abrangência do CS o qual denominamos Rua Educativa.
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Na concepção das atividades a serem desenvolvidas na oportunidade, buscamos parcerias com outros instrumentos de assistência de cunho governamental ou não que estejam em atividade na comunidade de modo a enriquecerem tanto a divulgação quanto a realização da intervenção.
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5. REFERÊNCIAS
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Assis Gomes D, Furst C, Silva EF, Gomes MA. Controle de parasitoses intestinais aplicado a uma escola da periferia de Belo Horizonte
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Furst C, Gomes MA, Costa AO, Silva EF.Controle de parasitoses intestinais aplicado ao índios Xakriabás e a indivíduos da comunidade cachoeirinha. Semana de Iniciação Científica, UFMG, 2000.
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Povoa, MM; Gomes, JE; Silva, MCM; Bichara, CNC; Esteves, P; Gabbay, YB; Machado, RLD.Diagnóstico de amebíase intestinal utilizando métodos coproscópicos e imunológicos em amostras da população da área metropolitana de Belém, Pará, Brasil. Cad. Saúde Pública, 16:843-846, 2000.
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Vianna, Elisa Neves. Aplicação, padronização e avaliação da técnica de PCR para o diagnóstico diferencial entre Entamoeba histolytica e E. dispar em amostras fecais provenientes de pacientes brasileiros. 89p. Dissertação de Mestrado – Depto. Parasitologia, Universidade Federal de Minas Gerias, 2006.
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