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O Projeto SOL (Saúde, Orientação e Laser), formado por acadêmicos dos curso de biologia, enfermagem, medicina e pós-graduação em parasitologia da UFMG, surgiu com o intuito de despertar na população questões relacionadas às parasitoses intestinais e, principalmente, a importancia dos hábitos de higiene básica para manter uma boa saúde, objetivando reduzir os níveis de contaminação parasitológica, promover hábitos de higiene e auto-cuidado e avaliar o impacto de ações de tratamento e de medidas profiláticas na prevalência de parasitoses intestinais nas comunidades estudadas. Esta fora pensada como uma estratégia interessante, que se confirmou promissora, de como reverter todo o conhecimento adquirido em sala de aula de uma universidade pública, para a população que representa a realidade profissional que espera pelos acadêmicos, e que, indiretamente, financia a produção desse conhecimento.

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A Saúde Coletiva tornou-se um campo relevante para a atuação dos profissionais de saúde na implantação de medidas de prevenção a agravos e promoção da saúde. A educação em saúde é uma estratégia que pode ser utilizada para desenvolver na população a consciência da importância da manutenção da saúde e da necessidade de romper com a visão de saúde como ausência de doença. Isto exige dos profissionais da saúde a proximidade com a população para conhecerem seus problemas, suas necessidades e criar um vínculo entre estes e a comunidade facilitando o desenvolvimento de ações em saúde.

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Neste sentido, o modelo de intervenção comunitária defende o empoderamento (do inglês empowerment) da população quanto aos determinantes do processo saúde/doença. Este é o alicerce pelo qual indivíduos, comunidades e organizações constroem maestria sobre suas vidas, sobre o contexto de mudança de seu ambiente social e político de modo a melhorar a equidade e qualidade de vida (LABONTE, 1990; BERNSTEIN, 1994). Corroborando com o modelo, outros autores defendem a necessidade de caracterizar individualmente as comunidades, destacando suas particularidades e habilidades para identificar, mobilizar e resolverem problemas sociais e de saúde coletiva (GOODMAN, 1999); dimensionar o nível de participação nos problemas locais, as redes de apoio, habilidades e recursos, “senso” de comunidade, compreensão da história, articulação de valores e acesso ao poder (Center for Disease Control and Prevention – CDC, 1998); o capital social que estas pessoas dispõem e as situações reconhecidas como “problemas” pelas comunidades.

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Cabe destacar, como defendido por Lafèvre (2004), que o empoderamento está estreitamente ligado à triangulação de diversos tipos de relações (dominação, subordinação, doutrinação, rebeldia, harmonia, diálogo, etc) estabelecida entre os pontos de vista dos indivíduos, do sistema produtivo e do ponto de vista técnico, para entender a comunicação social em saúde no contexto da sociedade brasileira atual.

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Essa visão mais ampla da saúde, no entanto, só foi possível devido às mudanças dos modelos assistenciais e a implantação do modelo de Vigilância em Saúde, que trouxe alterações significativas para a área da saúde.

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As atividades de ensino-aprendizagem concretizadas nas Ações Educativas do projeto, possuem valor inestimável, pois são capazes de fazer interagir sujeitos e objetos de maneira a construir uma relação em que seja possível a  respeitosa troca de saberes. Além de disseminar o conhecimento profilático, as ações educativas, cujo carro chefe destas ações é as parasitoses, levam também aos moradores das comunidades informações adicionais sobre outras doenças de importância em saúde pública como hipertensão, diabetes, DSTs e câncer, além de palestras sobre nutrição, com avaliação antropométrica dos participantes. Estão envolvidos no projeto alunos bolsistas e voluntários, professores da UFMG e da Newton Paiva.

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Como reconhecimento do intenso e árduo trabalho que é implementar um projeto de extensão, durante o X Encontro de Extensão/2007, promovido pela Universidade Federal de Minas Gerais, dentre os mais de quatrocentos projetos de extensão desenvolvidos na universidade, nas mais deversas áreas, o “Projeto SOL” foi agraciado com o título de “Relevância Acadêmica”. A mensão incentivou ainda mais os membros do projetos (coordenação, pesquisadores e colaborados) a continuarem com mesma dedicação e empenho no desenvolvimento das pesquisas e disseminação dos conhecimentos.

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Referências:

  • PIMENTA, D. N.; LEANDRO, A. M. S.; SCHALL, V. T. Experiências de Desenvolvimento e Avaliação de Materiais Educativos sobre Saúde: abordagens sócio-históricas e contribuições da antropologia visual. In: Monteiro S; Vargas E. (Org.). Educação, Comunicação e Tecnologia Educacional: interfaces com o campo da saúde. Rio de Janeiro/RJ: Fiocruz, 2006, p. 87-112.
  • LEFÈVRE, Fernando. Saúde, Empoderamento e Triangulação. Saúde e Sociedade. V.13. n.2. p. 32-38, maio-ago, 2004.
  • SCHALL, V.T.; DINIZ, M. P. Information and Education in Schistosomiasis Control: Analysis of the situation in the State of Minas Gerais, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. n. 96, pp. 35-43, 2001.
  • MELO J.A.M. Educação sanitária: uma visão crítica. In: Canesqui AM, Camargo EP, Barros MBA, organizadores. Cadernos do CEDES – Centro de Estudos Educação e Sociedade – 4 Educação e Saúde. São Paulo (SP): Cortez; 1987. p. 28-43.