A Saúde Coletiva tornou-se um campo relevante para a atuação dos profissionais de saúde na implantação de medidas de prevenção a agravos e promoção da saúde. A educação em saúde é uma estratégia que pode ser utilizada para desenvolver na população a consciência da importância da manutenção da saúde e da necessidade de romper com a visão de saúde como ausência de doença. Isto exige dos profissionais da saúde a proximidade com a população para conhecerem seus problemas, suas necessidades e criar um vínculo entre estes e a comunidade facilitando o desenvolvimento de ações em saúde.

 

Neste sentido, o modelo de intervenção comunitária defende o empoderamento (do inglês empowerment) da população quanto aos determinantes do processo saúde/doença. Este é o alicerce pelo qual indivíduos, comunidades e organizações constroem maestria sobre suas vidas, sobre o contexto de mudança de seu ambiente social e político de modo a melhorar a equidade e qualidade de vida. (LABONTE, 1990; BERNSTEIN, 1994). Corroborando com o modelo, outros autores defendem a necessidade de caracterizar individualmente as comunidades, destacando suas particularidades, e habilidades para identificar, mobilizar e resolverem problemas sociais e de saúde coletiva (GOODMAN, 1999);dimensionar o nível de participação nos problemas locais, as redes de apoio, habilidades e recursos, “senso” de comunidade, compreensão da história, articulação de valores e acesso ao poder (Center for Disease Control and Prevention – CDC, 1998); o capital social que estas pessoas dispõem e as situações reconhecidas como “problemas” pelas comunidades.

 

Cabe destacar, como defendido por Lafèvre (2004), que o empoderamento está estreitamente ligado à triangulação de diversos tipos de relações (dominação, subordinação, doutrinação, rebeldia, harmonia, diálogo, etc) estabelecida entre os pontos de vista dos indivíduos, do sistema produtivo e do ponto de vista técnico, para entender a comunicação social em saúde no contexto da sociedade brasileira atual.

 

Essa visão mais ampla da saúde, no entanto, só foi possível devido às mudanças dos modelos assistenciais e a implantação do modelo de Vigilância em Saúde, que trouxe alterações significativas para a área da saúde.

 

Referências:

  • PIMENTA, D. N.; LEANDRO, A. M. S.; SCHALL, V. T. Experiências de Desenvolvimento e Avaliação de Materiais Educativos sobre Saúde: abordagens sócio-históricas e contribuições da antropologia visual. In: Monteiro S; Vargas E. (Org.). Educação, Comunicação e Tecnologia Educacional: interfaces com o campo da saúde. Rio de Janeiro/RJ: Fiocruz, 2006, p. 87-112.
  • LEFÈVRE, Fernando. Saúde, Empoderamento e Triangulação. Saúde e Sociedade. V.13. n.2. p. 32-38, maio-ago, 2004.
  • SCHALL, V.T.; DINIZ, M. P. Information and Education in Schistosomiasis Control: Analysis of the situation in the State of Minas Gerais, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. n. 96, pp. 35-43, 2001.
  • MELO J.A.M. Educação sanitária: uma visão crítica. In: Canesqui AM, Camargo EP, Barros MBA, organizadores. Cadernos do CEDES – Centro de Estudos Educação e Sociedade – 4 Educação e Saúde. São Paulo (SP): Cortez; 1987. p. 28-43.