Revista de Psicofisiologia, 3(1), 1999

O estresse forte e o desgaste geral

3.3) Outras características do estresse

    Além da adaptação do nosso corpo e da mente aos estímulos agressivos, mesmo nas situações que requerem pequenas mudanças ou adaptações continuadas, podem gerar um grau de estresse, se a pessoa não tem maneira de reagir para combatê-lo. Em termos científicos, o estresse é a resposta fisiológica e de comportamento de um indivíduo que se esforça para adaptar-se e ajustar-se a pressões internas e externas. Como a energia necessária para esta adaptação é limitada, mais cedo ou mais tarde, com a persistência do estímulo, o organismo entra finalmente na fase de esgotamento.

    Cada pessoa reage de forma diferente a um estímulo. Também reage de maneira diferente, de acordo com seu estado de espírito. Por exemplo: enquanto uma pessoa se depara com o semáforo vermelho no trânsito e entende que isso é necessário para a organização do trânsito, outra pessoa pode interpretar o mesmo semáforo como um fator de opressão, se estiver estressado ou muito apressado, por exemplo.

    Segundo a visão que temos da realidade, do passado ou de imaginar o futuro, podemos favorecer reações de estresse. Uma visão pessimista pode favorecer estas reações, enquanto que as positivas produzem efeito contrário.

    Uma dose baixa e ocasional de estresse é indispensável para nossa saúde e capacidade produtiva. Acontecimentos felizes também produzem estresse, como por exemplo o nascimento de um filho ou ganhar na loteria. Por isso se fala em estresse positivo e negativo.

    As principais características da fase positiva são: vitalidade, entusiasmo, otimismo, força física etc. Na fase negativa, estamos propensos a apresentar: cansaço, irritabilidade, falta de concentração, depressões, pessimismo, baixas resistências imunológicas, enfermidades, nervosismo, mau-humor etc.

    O estresse, quando forte, produz em nosso organismo um desequilíbrio, porque diversas funções se aceleram, chegando ao ponto de neoglicogenólise atacar o tecido ósseo e muscular, podendo levar maior consumo de vitaminas e sais minerais. Quando esta demanda não é atendida, o organismo apresenta sinais de carência que, no início, se caracterizam por sintomas como os detalhados na fase negativa. Se, depois desta fase inicial, ainda persistir o estresse, a fraqueza dos tecidos e de nutrientes, pode formar um círculo vicioso, com agravamento dos sintomas.

    As pessoas mais estressadas são aquelas que têm dificuldade em expressar sentimentos, tendem a explodir nos momentos de tensão, mas ficam predominantemente reprimidas, fazendo um esforço para serem gentis e educadas. Muitas vezes elas ficam com remorso pelo simples fato de tirar uma folga ou praticar um lazer.