4.2) A influência da cultura nas respostas psicossomáticas
As práticas e os significados partilhados nos grupos sociais formam o processo cultural, que tem
permanência de tempo, caráter de coletividade e continuidade, realizando a construção da realidade. Uma
cultura adquire conformação e caráter específicos graças à coerência de suas instituições sociais, as quais
garantem sua continuidade.
As características da cultura representam potencialidades adaptativas e estressoras. O homem não é
apenas o produtor da cultura. Esta interfere no biológico, como por exemplo, africanos removidos
violentamente de seu continente, na época da escravidão, perdiam a motivação para viver fora de seu
contexto cultural e padeciam do mal chamado "banzo", traduzido como semelhante à "saudade". Ocorria
também um alto índice de suicídios entre os negros escravizados. Dessa forma as respostas psicossomáticas
sofrem influências diferentes em cada cultura ou subculturas.
Os processos psicossociais são constituídos, em parte, por percepções e atitudes dos indivíduos e, em
parte, por elementos culturais que direcionam os vínculos. Por exemplo, os critérios específicos sobre saúde,
doença, trabalho, são constituídos pela cultura e transformados pelos indivíduos. A cultura é edificada a
partir do meio ambiente, que corresponde ao mundo externo e à realidade imediata. Esta realidade é decorrente da
vida cotidiana e subjetivamente dotada de sentido para os homens, na medida em que forma um mundo
coerente.
Foram identificados como aspectos culturais estressantes o uso acentuado de tabus, saturação de
valores, instabilidade de modelos culturais, privação de vida social e rigidez de normas. As pessoas julgam ter
livre arbítrio para suas escolhas e se esquecem do controle que a cultura imprime sobre seus
comportamentos. Este controle muitas vezes já está tão introjetado que passa imperceptível em algumas
situações. E o estresse ocorre sem que o indivíduo perceba a sua gênese cultural.
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