1) Considerações sobre o estresse
A sensação de estresse pode ser aquela impressão que às vezes temos de nervosismo, irritação,
agitação, fadiga ou doença. É nítida sua presença quando sentimos e experimentamos desgaste e cansaço
cronicamente.
O estresse não é necessariamente uma alteração mórbida; a vida diária não implica necessariamente
em um desgaste na maquinaria do corpo. A mãe que se preocupa com o filho, o jogador de futebol que luta
por um gol, o torcedor que se agita na arquibancada, o mendigo que perambula para matar a fome, o aluno
que enfrenta provas, o pequeno e o médio comerciante que tentam sobreviver em um mercado competitivo, a
criança curiosa que se queima no fogo, o rapaz ousado que se fere numa briga; todos estão sob estresse,
uns mais, outros menos.
Há quase 50 anos atrás descobriu-se que o estresse produz certas modificações na estrutura e na
composição química do corpo. Algumas delas são reações de adaptação do corpo, seu mecanismo de
defesa contra o ataque, outras apresentam sintomas de lesão no organismo. Em que se diferem?
O homem, quando se sente ameaçado ou em perigo, desenvolve uma série de reações cognitivas,
sensório-perceptivas e neurovegetativas como mecanismos de proteção, que o prepara para a luta ou para a
fuga. O estresse aí é natural e, de uma certa forma, pode contribuir para a preservação da vida, se o equilíbrio
for restaurado logo.
Por outro lado, o homem hoje se encontra cada vez mais exposto a estímulos complexos, impostos pela
forma de organização da sociedade atual. Ao mesmo tempo, aparecem, como por exemplo, o uso de
estimuladores, o cigarro e o barulho; a ocorrência de ameaçadores e de punitivos, como a competição, a
ameaça do desemprego, a busca desenfreada por produtividade, de inovação tecnológica e da violência,
ultrapassando o limite do aceitável. Assim o estresse torna-se cada vez mais permanente, aumentando sua
intensidade e freqüência; conseqüentemente, o organismo pode se enfraquecer persistentemente, podendo
até entrar em colapso. É a cronificação do estresse.
O estresse é conceituado na ciência como o grau de desgaste do corpo em função da adaptação
necessária para reagir àquele meio. O conjunto de modificações na estrutura e na composição química do
corpo denomina-se síndrome de adaptação geral (SAG) ou síndrome do estresse. Ela se desenvolve em três
fases: reação de alarme; fase de resistência; fase de exaustão.
Partindo da conceituação de estresse como sendo um processo resultante do desequilíbrio dinâmico
entre pessoa e meio ambiente, objetivando caracterizar fatores pessoais e situacionais que predispõem
sua potencialização. SAMULSKI (1996) estuda o estresse em três concepções. Contudo, é importante salientar
que esta divisão, que veremos a seguir, é esquemática, pois os processos biológicos, psicológicos e sociais
apresentam uma interação recíproca.
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