Revista de Psicofisiologia, 3(1), 1999

O estresse forte e o desgaste geral

3.1) As reações fisiológicas ao estresse

    O organismo ao se deparar com o agente estressor, que pode ser interno ou externo, desenvolve um processo conhecido como "Síndrome de Adaptação Geral" (SAG), Seyle (1965) que consiste no somatório de todas as reações sistêmicas, que não são específicas e que surgem quando o organismo está, por muito tempo ou intensamente exposto ao estímulo agressivo.

    O hipotálamo reforça sua função de ativar o "Sistema Nervoso Autônomo Simpático" (SNAS), para ativar respostas físicas, mentais e psicológicas, e o "Sistema Endócrino", através da hipófise, comandando várias glândulas por meio de hormônios. Tudo isso ocorre porque o organismo necessita concentrar maior quantidade de energia para se defender. Ocorrem descargas simpáticas na camada medular da supra-renal, provocando liberação de catecolaminas nas situações emergenciais do estresse, ativando a glicogenólise no líquido extra-celular, e glicogênese no fígado, inibindo a insulina e estimulando o glucagon, estes dois últimos hormônios pancreáticos. Prossegue-se ao aumento de atividade do SNAS a liberação de catecolaminas, o mecanismo hormonal que permite o aporte de glicose às células em geral, que é seguido pela liberação de glicocorticóides, que são fundamentais para excitação de atividades cerebrais, durante a SAG.

    Os glicocorticóides (GC) regulam também as catecolaminas, pois a síntese das catecolaminas necessita de glicose. Os GC são corticosteróides, estimulam a síntese de RNA, formadora de proteína e de glicogênio e suprime a síntese de DNA. A taxa de glicose precisa ser elevada no sangue, enquanto os aminoácidos e os ácidos graxos serão reduzidos em menor grau, para que haja energia disponível ao longo do estresse. Mas ao longo do tempo os GC são destrutivos para os tecidos estruturais, o que inibe o crescimento somático e ósseo, em benefício da transformação de glicose extra pela neoglicogênese.