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Nesta segunda e última parte da reportagem especial comemorativa do dia do Biólogo, profissionais de diferentes gerações falam de suas perspectivas e da importância do ICB em sua trajetória

 

O Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (ICB) comemora este ano seus 47 anos, no dia 11 de novembro. Para Patrícia Cisalpino, professora associada do Departamento de Microbiologia, a história de sua vida está fortemente ligada à “vida” do Instituto. E sua opinião é compartilhada com as novas gerações.

“O ICB foi essencial para abrir caminhos na minha vida profissional”, afirma Bruno Rezende, professor recente no departamento de Fisiologia e Biofísica. Mesmo para ele, que cursou a graduação em outra universidade, “o ICB foi o início de uma vida nova”.

“Desde a primeira vez que eu vim para cá, com 19 anos, eu tive as portas abertas para trabalhar nos laboratórios. Aqui fiz vários estágios e iniciações científicas, com aquela sensação de estar um pouco perdido. Então, essa fase de descobrir o que me instigava, de buscar respostas e atrapalhar o sono, foi aqui no ICB”, confessa o docente.

Já na história de Patrícia Carvalho, recém-formada, o Instituto é um importante símbolo de superação. “O ICB passou a ser a minha vida. Eu entrei aqui em um momento muito complicado. Estava passando por um problema de saúde e tive dificuldades no meio acadêmico. Mas o relacionamento com os professores foi muito bom e esse é um lugar que eu não quero deixar de participar, nunca”, afirma.

Mas, nem tudo são flores...

Quando se trata do desenvolvimento da pesquisa e da carreira de biólogo, os entrevistados apontam desafios, no Brasil e no Instituto.

Patrícia Cisalpino tem uma visão otimista da situação. “Não tem como não ser difícil em um país que ainda tem essas questões todas de subdesenvolvimento a resolver”, salienta. “Passamos por momentos de recessão, como agora, mas já foi pior”, afirma, lembrando que houve tempo em que os professores precisavam pagar pela conta do telefone.

Ela lembra que quando era estudante, nos anos 70, o ICB ainda funcionava no prédio da Faculdade de Medicina, na região hospitalar de BH. Declarando-se testemunha do processo de grande expansão do ICB como instituto de pesquisa, hoje considerado um dos maiores da América Latina, ela, que vivenciou a mudança e viu o prédio ainda novinho, compreende a percepção dos novos integrantes diante dos atuais problemas de infraestrutura. “O curso de Botânica foi um dos que mais cresceu”, diz.

Subcoordenador da Especialização em Neurociências do ICB, Bruno Rezende classifica como um dos maiores entraves ao desenvolvimento da pesquisa no Brasil as altas taxas de importação e a burocracia, desafio, que atrasa o processo e “poda” a criatividade dos pesquisadores. A internacionalização de sua formação pós-doutoral nas Universidades de Toronto e no SickKids Hospital, permitiu que o vice-presidente da rede Alumni Canadá-Brasil vivenciasse no pais da América do Norte uma estrutura que ele avalia como mais produtiva e que gostaria de ver implantada na UFMG.

Professora Patrícia também acredita que é preciso aumentar a capacitação em várias áreas, como a biossegurança, por exemplo. “Em praticamente 35 anos na UFMG, foi a primeira vez que eu vi a experiência de combate ao incêndio”, afirma, referindo-se a treinamento realizado pela Diretoria do ICB em maio de 2015.

Baixa remuneração e não reconhecimento da importância do biólogo e do profissional de educação são os problemas que incomodam a nova bióloga Patrícia Carvalho, mas que apresenta o entusiasmo dos que estão “começando agora”.

“Para ser biólogo, desde que a pessoa goste do que ela faz, não tem perigo! A carreira acadêmica ou profissional seleciona as pessoas pelo interesse e pela capacidade de se adaptarem a novos questionamentos”, adverte o professor Bruno. “Enquanto a minha pergunta inicial girava em torno de qual seria o papel da dopamina no cérebro, agora já virou: e o estresse?”, relata.

Patrícia Cisalpino classifica como “árduo, mas prazeroso” o caminho para se formar pesquisador nas diferentes áreas da Biologia. “A atualização precisa ser permanente, apesar de uma demanda grande de aulas e diferente atividades intelectuais. Mas o ensino é muito gratificante! Ver esse empenho e renovação das gerações faz com que eu não tenha medo de me aposentar. Sei que tem gente muito melhor que eu vindo ai”, comemora, exprimindo clara sensação de dever cumprido: e bem cumprido.

 

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Redação: Sarah Dutra Menezes – Estudante do curso de Comunicação Social da UFMG
Edição: Marcus Vinicius dos Santos – Jornalista, assessor de Comunicação Social do ICB

 

 

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