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Nat Eco Evo Sonne t al. 2022 1Estudo com beija-flores do continente americano aponta maior fragilidade em regiões como as terras baixas da América do Sul


Um estudo científico co-assinado pelo biólogo Pietro Kiyoshi Maruyama, professor adjunto do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do ICB UFMG, destaque de capa da revista científica Nature Ecology & Evolution em junho de 2022, alerta para a possível extinção de espécies de uma mesma comunidade em decorrência de alterações ambientais provocadas pelas mudanças climáticas. O fenômeno estaria ligado à maneira como essas espécies interagem entre si e o seu nível de dependência umas das outras.

De acordo com o ecólogo, “comunidades distintas vão responder de diferentes maneiras à perda de espécies e interações”. Pietro Maruyama afirma que o desaparecimento em cascata pode ter efeito até em benefícios da natureza para as pessoas como a polinização, diretamente ligada aos cultivos agrícoloas e, consequentemente, ao bem estar humano. “É importante que as pessoas saibam que certas comunidades ecológicas são mais frágeis que outras, e que as mudanças climáticas em curso terão consequências importantes em termos de perda de biodiversidade”, argumenta.

O estudo, coordenado pelos ecólogos dinamarqueses Jesper Sonne e Bo Dalsgaard, da Universidade de Copenhague, analisou 84 comunidades de beija-flor no continente americano para entender como essas aves, as mais especializadas em polinização, podem levar outras espécies à extinção se afetadas pelo aquecimento global.

Os pesquisadores usaram simulações para avaliar se, no futuro, em condições ambientais diferentes das atuais, os beija-flores conseguiriam resistir em áreas onde eles ocorrem no momento. Os achados revelaram que “algumas comunidades serão mais prejudicadas, como as das terras baixas da América do Sul onde as aves teriam de migrar distâncias muito maiores para encontrar condições ambientais adequadas. Outras como nas cadeias dos Andes, seriam menos afetadas”.

Entre as espécies estudadas, o beija-flor-rajado (Ramphodon naevius) é um dos maiores do mundo e visita mais da metade das plantas polinizadas por beija-flores nas comunidades onde vive, do sul ao sudeste da Mata Atlântica. Para os pesquisadores, sua extinção poderia afetar uma grande diversidade de espécies vegetais. Da mesma forma, o desaparecimento de qualquer uma das plantas das quais ele se alimenta poderia representar um risco para ele e para outras espécies de beija-flor.

Para Pietro Maruyama, o ideal daqui por diante seria ampliar as investigações para outros sistemas de interação como flores e abelhas ou frutos e aves, por exemplo, para verificar “como as interações entre as espécies vão se reorganizar em ambientes em transformação, e, também, entender como estas dinâmicas se repetem”.

A pesquisa foi financiada com recursos do governo da Dinamarca, principalmente, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

LEIA O ARTIGO NA ÍNTEGRA
https://www.nature.com/articles/s41559-022-01693-3

Redação: Dayse Lacerda - Jornalista na ACBio

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