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IMG 0721Mesmo sem árvores, cerrado tem enorme importància ecológica e não pode ser negligenciado - Fotos: Fernando Silveira ICB UFMGNa década para Restauração de Ecossistemas (2021-2030), pesquisa do ICB chama a atenção da mídia, cientistas e toda a sociedade para os “biomas invisíveis”

 

Na década para Restauração de Ecossistemas (2021-2030), pesquisa do ICB chama a atenção da mídia, cientistas e toda a sociedade para os “biomas invisíveis”.

Cerrado, campos e savanas estão em perigo! Essa é a principal conclusão de uma pesquisa liderada pelo professor Fernando Augusto Oliveira e Silveira, do Laboratório de Ecologia e Evolução de Plantas Tropicais do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, que acaba de ser publicada no Journal of Applied Ecology, da Sociedade Britânica de Ecologia. Participaram 14 pesquisadores, brasileiros, americanos, franceses, ingleses, sul-africanos e australianos.

Foram analisados cerca de 100 mil tweets, coletados em períodos diferentes, entre 2010 e 2021, de perfis de veículos de imprensa como CNN, El Pais, Globo, New York Times, mas também de parceiros da ONU. Para cada dez tweets sobre ambientes florestais, apenas um se refere a biomas abertos, como o cerrado, pampas, campo rupestre.

Após mapear centenas de estudos de restauração de ecossistemas e os programas de restauração conduzidos em toda a região tropical do planeta, os pesquisadores demonstraram que ambientes abertos têm sido negligenciados, tanto em termos de conhecimento científico, quanto pela atenção da grande mídia e também da ONU, que dão mais atenção às florestas do que aos outros biomas.

E esse resultado fez acender um alerta: programas de restauração ecológica mal direcionados podem comprometer a proteção de outros biomas e, consequentemente, não alcançar os objetivos da Organização das Nações Unidas em relação à “Década para a Restauração de Ecossistemas” (2021 a 2030).

BIOMA NEGLIGENCIADO

IMG 0716Fernando Silveira, que também é professor do Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre (ECVMS) do ICB UFMG, esclarece que este estudo usa o conceito de “cegueira de bioma” como sinônimo de incapacidade de reconhecer a importância de todos os biomas nas políticas de conservação e restauração.

E essa “invisibilidade” tem fortes implicações para o desenvolvimento de políticas públicas. “Temos apenas dez anos para restaurar o planeta e, agora, precisamos concentrar esforços nos ambientes que foram ignorados, como o cerrado”, recomenda o pesquisador, para quem a mídia, a ONU e os cientistas precisam entender e valorizar os biomas abertos. Do contrário, haverá perda e gasto de recursos e de tempo em estratégias que não funcionam, podendo levar à perda de biodiversidade e de suprimento de água, por exemplo.

O professor chama a atenção também para o entendimento -- equivocado -- de que savanas e campos são florestas degradadas. “Querem plantar árvores lá, mas isto é errado. É preciso plantar árvores onde tinha árvores antes. O plantio de árvores em locais inapropriados pode causar severos prejuízos ambientais”, explica. “Plantar árvores nos biomas abertos é tão errado quanto plantar grama em floresta”, conclui.

LEIA O ARTIGO

Biome Awareness Disparity is BAD for tropical ecosystem conservation and restoration
Fernando A. O. Silveira, Carlos A. Ordóñez-Parra, Livia C. Moura, Isabel B. Schmidt, Alan N. Andersen, William Bond, Elise Buisson, Giselda Durigan, Alessandra Fidelis, Rafael S. Oliveira, Catherine Parr, Lucy Rowland, Joseph W. Veldman, R. Toby Pennington.
Publicado em 15/10/2021. Journal of Applied Ecology



Redação: Dayse Lacerda - ACBio ICB UFMG. Fotos: Fernando Silveira ICB UFMG.

 

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