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lugares.altos.tem.menos.insetos Anderson.Rodrigues.ACBio.UFMGCLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAREstudo aponta mais um indicador da importância da preservação do equilíbrio ecológico desse importante bioma ou ecossistema brasileiro.

Imagine uma longa caminhada nas montanhas de Minas Gerais. Não são muitas as pessoas que se animam a chegar até o topo, não é mesmo? O mesmo acontece com insetos, como abelhas, vespas e formigas.

Esta foi uma das principais conclusões de um estudo realizado nas regiões de campos rupestres, na Serra do Espinhaço, sob orientação do professor Frederico Neves, do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.

Sua equipe identificou a influência da elevação na distribuição de abelhas, formigas e vespas ao longo de montanhas de Minas Gerais e da Bahia, assim como dos efeitos de fortes variações de clima influenciam na diversidade desses insetos, podendo limitar as mudanças de alcance das espécies e levar a grave perda de biodiversidade. 

Todos os resultados foram publicados na Journal Biogeography, revista científica de impacto na área ambiental, especializada em pesquisas de interesse geral envolvendo biologia, geologia e geografia.

Segundo os cientistas, embora sejam poucos os insetos que vivem nos topos das montanhas, os que conseguem viver nesses ambientes são fundamentais para a manutenção de serviços como polinização, dispersão de sementes e ciclagem de nutrientes, entre outros. “Mesmo tendo faixas de elevação estreitas, os efeitos biológicos e geológicos das montanhas tropicais geram alta diversidade de fauna e flora”, constata Lucas Perillo, principal autor do estudo que lhe garantiu o título de doutor em Ecologia Conservação e Manejo da Vida Silvestre (ICB UFMG).

Pouco estudado

O ecossistema campo rupestre, que fica principalmente na Serra do Espinhaço, tema maior variedade de tipos de vida animal de todo o Brasil. Segundo Neves, essas montanhas tropicais muito antigas guardam uma enorme biodiversidade, mas ainda se sabe pouco sobre a distribuição das espécies que nelas habitam. “Isso fica ainda mais claro quando observamos os insetos, um grupo que tem mais de 1 milhão de espécies descritas”, observa o entomologista e ecólogo.

“Usamos um conjunto de dados exclusivo, construído a partir de amostras de espécies de abelhas, vespas e formigas (Aculeata: Hymenoptera) em 24 locais de estudo em 12 montanhas, cobrindo 1200 km de sul a norte e uma faixa de altitude de 1000m a 2000 m”, conta Perillo. Para isso, foram percorridos cerca de 20 mil km de carro e mais de 1300 km a pé, e coletados 12 mil indivíduos e 843 espécies em 120 dias no campo.

Ao final de tudo, a pesquisa se justifica especialmente pelo fato de demonstrar a necessidade de ainda mais políticas públicas de proteção e preservação de sistemas ecológicos tão ricos e belos quanto os campos rupestres.

LEIA O ARTIGO

Disentangling the effects of latitudinal and elevationalgradients on bee, wasp, and ant diversity in an ancient neotropical mountainrange

Journal Biogeography - Online 29 de maço de 2021

Lucas Neves Perillo, Flávio Siqueira de Castro, Ricardo Solar, Frederico de Siqueira Neves

https://doi.org/10.1111/jbi.14095

 

 Arte: Anderson Rodrigues - Comunicação ICB UFMG. Atualizado em 9/6/2021

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