* Leda Quercia Vieira
** Maria de Fátima (Patiu) Horta
Orlando Matos iniciou suas atividades no Departamento de Bioquímica e Imunologia organizando um congresso presidido pela Profa. ngela Ribeiro. Na época, a secretaria da pós-graduação em Bioquímica e Imunologia estava na iminência de ficar sem funcionário, e ele foi convidado pela professora Maria Elena Perez Garcia, então coordenadora da pós-graduação, para nos ajudar. Imediatamente organizou as contas da pós-graduação, inteirou-se dos processos da UFMG e tornou-se indispensável na secretaria. Sua competência tornou-se logo evidente.
Mais importante, o seu envolvimento com todos os aspectos do funcionamento da pós-graduação foram logo tornando-o referência para outras secretarias. Inúmeras vezes o Orlando ajudou outras secretarias a resolverem problemas, treinou funcionários novos, e chegou a começar a escrever, junto com Alexandre Estevan, secretário do Programa de Pós-graduação em Bioquímica e Imunologia, um manual de orientações para secretarias de pós-graduação. Escreveram, também, um fluxograma para os procedimentos burocráticos para estudantes da pós-graduação.
Mas, o mais notório aspecto o Orlando era a sua capacidade de fazer amizades no Departamento (e fora dele!) com os técnicos administrativos, os professores e os alunos. Creio que os diversos coordenadores com quem ele trabalhou, bem como todos que conheciam o Orlando, são cheios de estórias, como eu.
Quantas portarias da Capes nos deixavam em dúvida, marcávamos reuniões da coordenação e lá vinha o Orlando com todos os esclarecimentos, porque tinha várias amizades feitas por telefone na Capes e já tinha destrinchado todos os meandros da portaria.
Quantas vezes tínhamos dúvidas sobre prestação de contas, e lá ia o Orlando para o telefone e as resolvia direto na fonte. Quantos problemas com bolsas de alunos retornados do exterior foram resolvidos por ele, sempre ao telefone com seus contatos em Brasília.
Quantos problemas entre estudantes e orientadores foram resolvidos na secretaria (que ele chamava de assessoria psicológica para docentes e discentes) sem nem sequer chegarem à coordenação. Quantas lágrimas foram enxugadas pelo Orlando e quantas pessoas entraram tristes e depois de uma conversa com ele saíram felizes e com seus problemas equacionados.
Orlando foi uma pessoa que viveu a vida plenamente. Trabalhava muito, mas era também antenado nos eventos culturais da cidade, circulava pelo meio artístico, gostava de gente. Iniciou o Convescote da Bioquímica e Imunologia, uma reunião do nosso programa (mas de todos os que chegassem), que ocorria toda última 6ª feiras do mês. A primeira seleção que ele coordenou sozinho foi uma tensão para ele. E, depois que tudo deu certo, trouxe espumante e quitutes e comemorou com a coordenação. Virou uma tradição.
Na secretaria temos uma jarra de rolhas comemorativas das seleções bem-sucedidas. Esta comemoração expandiu-se para o Convescote. Acreditamos que também o Departamento de Bioquímica e Imunologia era uma boa parte da vida do Orlando, onde se encontrou e também encontrou um lugar onde era querido por todos: estudantes, professores e demais funcionários, além de poder fazer o que sabia com o reconhecimento de todos.
Não seremos mais os mesmos sem o Orlando.
Nós perdemos, a nossa secretaria perdeu, o ICB perdeu, a UFMG perdeu um homem sempre alegre, disposto a ajudar os outros, de bem com a vida e contagiando a todos. Somos gratos por ter tido o privilégio de trabalhar, conviver e dar boas risadas com o Orlando. Estamos inconsoláveis. Mas certamente ele continua com seu espírito aberto, sua alegria, seu otimismo, sua disposição, sua simpatia, sua solidariedade, sua delicadeza e presteza, muito provavelmente já ajudando a todos e organizando uma bela festa no céu.
* Coordenadora e sub-coordenadora do Programa de Pós-graduação em Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.