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Prof.Angelica.Vieira TV.UFMG.2019Os professores Angélica Thomaz Vieira (foto 1) e Danilo Neves (foto 2), dos departamentos de Bioquímica e Imunologia e de Botânica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, foram selecionados na área de ciências da vida para receber financiamento no valor de R$ 100 mil do Instituto Serrapilheira. Os recursos serão disponibilizados para que os pesquisadores possam desenvolver seus projetos durante um ano.

Além deles, na UFMG foi contemplado também o trabalho do professor Fabrício Caxito, do Instituto de Geociências (IGC). O julgamento e a seleção dos projetos foram feitos por uma comissão internacional de cientistas, todos líderes reconhecidos em suas áreas de pesquisa. Dentre todas as universidades brasileiras foram selecionados 23 trabalhos de jovens pesquisadores, em áreas que vão de, além de ciências da vida e geociências, também de ciência da computação, matemática, física e química.

Prof. Danilo Neves Acervo PessoalSegundo o Instituto Serrapilheira, o processo de seleção privilegiou pesquisadores com perguntas ambiciosas sobre questões fundamentais da ciência, ainda que os projetos envolvessem estratégias de risco. Os selecionados terão acesso a treinamentos, eventos de integração e iniciativas de colaboração, tendo sempre em vista os valores da ciência aberta e da diversidade.

Ao final de um ano de financiamento sete dessas 23 pesquisas poderão continuar recebendo financiamento no valor de mais R$ 1 milhão, cada. Os revisores são cientistas atuantes em diversos países.

Essa é a terceira chamada pública de apoio à ciência lançada pelo Serrapilheira. O professor Alexandre Birbrair, do Departamento de Patologia, desenvolve sua pesquisa sobre ambientes tumorais com recursos da primeira chamada do instituto Serrapilheira (Veja notícia - O papel do sistema nervoso periférico no micrombiente tumoral​).

DIVERSIDADE DAS PLANTAS

"Evolução de nicho em biomas tropicais e suas consequências", é o projeto desenvolvido pelo professor Danilo Neves, do Departamento de Botânica do ICB, cujo objetivo é quantificar as taxas de evolução de nicho e avaliar como os processos evolutivos influenciam a origem dos padrões de diversidade em ecossistemas tropicais e, com isso, contribuir para aprofundar nos estudos e no debate sobre os padrões de diversidade de espécies de plantas e os processos que criaram esses padrões. Ele considera que espécies geneticamente próximas tendem a ter características ecológicas ancestrais e ocupam os mesmos tipos de ambientes. “O conservadorismo filogenético de nicho tem sido observado em grupos de plantas de ambientes semiáridos, como a caatinga. E isso acontece menos em ambientes de clima mais ameno. Esses resultados conflitantes derivam de poucos estudos”, afirma Neves. O processo da pesquisa envolve criar um banco de dados sem precedentes sobre a composição de espécies nos diversos ecossistemas terrestres na América do Sul, coletar amostras em campo e extrair DNA dessas espécies para gerar árvores filogenéticas que representem relações de parentesco, acrescentando que os resultados da pesquisa terão implicações diretas sobre estratégias de conservação. “Se for constatada forte influência do conservadorismo filogenético de nicho nos padrões de diversidade, será indício de que maior degradação de um ecossistema representa grande perda de diversidade, porque grupos inteiros de plantas são exclusivos de determinados ecossistemas”. Em fevereiro, o professor Danilo Neves conversou sobre parte deste trabalho com a jornalista Luiz Glória no programa Conexões, da rádio UFMG Educativa.

BACTÉRIAS RESISTENTES

"Alterações na microbiota intestinal contribuem para a seleção e disseminação de resistência antimicrobiana" é a pesquisa da professora Angélica Vieira, do Departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB, membro afiliada da Associação Brasileira de Ciências (ABC) e também ganhadora do "Prêmio Para Mulheres na Ciência 2018", concedido pela empresa multinacional francesa de cosméticos L’Oreal, em conjunto com a Unesco e a Academia Brasileira de Ciências. A hipótese perseguida pelo estudo é de que alterações na microbiota intestinal contribuem para a seleção e disseminação de bactérias resistentes a antibióticos. Esses microrganismos são responsáveis por infecções hospitalares, mas podem se transformar, em algumas décadas, em causa de morte mais prevalente que o câncer. Com o aparecimento de bactérias ultra-resistente, o aumento da resistência antimicrobiana é considerado um dos maiores desafios à saúde pública mundial para as próximas décadas. “Vamos induzir a disbiose [desequilíbrio] em camundongos, por meio de dieta pobre em fibras. Os animais serão, então, infectados com bactérias não resistentes que causam pneumonia, e vamos observar se elas se tornam resistentes”, afirma a cientista, para quem o desequilíbrio da flora é causa de diferentes doenças inflamatórias intestinais e neurológicas, entre outras. "Acredito que ele pode estar associado também à disseminação dos genes resistentes, já que as bactérias têm a capacidade de transmitir seus genes umas às outras", esclarece. Ela também conta que os recursos cedidos pelo Serrapilheira serão investidos em insumos necessários para a pesquisa e na contratação do sequenciamento genético, dentre outros. Angélica Vieira também defende que a má alimentação exerce papel crucial na geração do desequilíbrio da microbiota intestinal. “Acreditava-se que a ameaça das bactérias resistentes a antibióticos estaria neutralizada quando se conseguisse impedir o uso indiscriminado desses medicamentos. Esse uso foi controlado, mas o problema só tem aumentado”, adianta a pesquisadora.

(Com informações de Itamar Rigueira Jr./Agência de Notícias UFMG, Instituto Serrapilheira, Departamentos. Fotos: 1. Reprodução da TV UFMG e 2.Arquivo pessoal do pesquisador.)

Atualizada em 4/6/2020

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