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Yaravirus 1280pYaravírus foi encontrado na Lagoa da Pampulha e desafia a taxonomia, a classificação biológica que designa como os seres vivos se agrupam

O virologista Jônatas Santos Abrahão, professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, liderou a publicação de um artigo científico que chamou a atenção de várias partes do mundo. Em parceria com a Universidade Aix-Marseille, na França, os estudos realizados na UFMG descobriram o Yaravirus, que não só é menor do que o que se esperava como também e principalmente tem apenas 90% dos seus genes reconhecidos pelo meio científico.

Segundo o pesquisador (foto 2), esta descoberta pode levar a diferentes impactos nos meios científico e acadêmico, assim como na comunidade em geral. O principal impacto seria o da novidade. Prof.Jonatas por Augusta Lacerda.UFMGO Yaravírus mostra o quanto somos ignorantes em relação ao Planeta em que vivemos, aos seres e entidades biológicas que aqui habitam, e o que a natureza tem a nos oferecer.

Os próximos passos,portanto, envolvem apoio financeiro, de instituições públicas ou privadas, para que se possa explorar o potencial biológico e metabólico do Yaravírus. “Como esses genes e essas proteínas são completamente novos, em sua maioria, é bem provável que esse vírus expresse e utilize de vias metabólicas nunca antes descritas. Isso pode ser utilizado para atender a demandas do ser humano", avalia.

"Agora é necessário formar alunos no laboratório e também divulgar a ciência brasileira”, diz Jônatas. Ele faz questão de registrar que considera de grande importância que sejam feitos investimentos regulares e expressivos em ciência básica, como forma de se buscar ferramentas, além da formação de pessoas que possam compreender a diversidade e a riqueza de espécies do Planeta, desde animais, plantas, até micro-organismos. "No meu caso, os vírus”, conclui.

A PESQUISA

O vírus foi encontrado na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, quando os pesquisadores procuravam um vírus gigantes. O artigo com os resultados da pesquisa foi publicado na revista científica bioRxiv e imediatamente viralizou para diversos outros veículos internacionais de notícias cientícas, como o Science Mag, dos Estados Unidos, e o Independent, do Reino Unido.

O professor explica que sua linha de pesquisa envolve procurar por vírus no ambiente. A ideia é ver se se encontra potencial biotecnológico nesses novos vírus que estão no ambiente, em diferentes biomas brasileiros. "Nós coletamos amostras, em 2017, na Lagoa da Pampulha, no córrego em frente ao zoológico, e fizemos o isolamento no Laboratório de Vírus. Em seguida, levamos essa amostra para o Centro de Microscopia da UFMG", relata, mostrando como o organismo foi identificado. Ou, quase. Ao observar as imagens dos testes feitos a equipe observou que não se tratava de uma entidade biológica similar a outras já descritas. Tratava-se de um vírus muito pequeno, ao contrário dos outros vírus trabalhados por sua equipe.

O passo seguinte foi fazer a produção desse vírus em grande quantidade e encaminhar para o sequenciamento. Aí é que a surpresa foi ainda mais impactante. “Quando sequenciamos o genoma, percebemos que se tratava de algo completamente novo, porque cerca de 90% das sequências do genoma codificavam para proteínas nunca antes vistas na Terra. Então, nós percebemos que tínhamos em mãos uma entidade biológica completamente nova”, explica o virologista.

Sobre a escolha do nome: Yaravírus, ele conta que seria uma referência a Yara, que o folclore brasileiro atribui o título de "a mãe das águas". A ideia foi dar continuidade à nomenclatura usando como referência a mitologia indígena Tupi-Guarani. Há cerca de dois anos, o mesmo grupo de pesquisadores isolou o maior vírus do mundo: o Tupanvírus (SAIBA MAIS). Tupã, por sua vez, seria o "Espírito do Trovão”, criador dos céus, da terra e dos mares, e do mundo animal e vegetal.

 

LEIA O ARTIGO

A mysterious 80 nm amoeba virus with a near-complete “ORFan genome” challenges the classification of DNA viruses
Autores: Paulo V. M. Boratto, Graziele P. Oliveira, Talita B. Machado, Ana Cláudia S. P. Andrade, Jean-Pierre Baudoin, Thomas Klose, Frederik Schulz, Saïd Azza, Philippe Decloquement, Eric Chabrière, Philippe Colson, Anthony Levasseur, Bernard La Scola, Jônatas S. Abrahão.
Data de publicação: 28 de janeiro
Revista: bioRxiv

 

ASSISTA aqui O VÍDEO PRODUZIDO PELO INDEPENDENT  (Em inglês)

 

 

(Com informações de Agência de Notícias UFMG)

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