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Estudo desenvolvido pelo grupo, que conta com especialistas da UFMG, desvenda rede ecológica e poderá prever consequências de desastres ecológico

Um grupo de cientistas brasileiros e estrangeiros, entre eles dois pesquisadores que desenvolveram estudos na UFMG, Rafael Pinheiro e Gabriel Félix, integra uma força-tarefa com o intuito de construir uma nova forma de compreensão da teia da vida. Eles se uniram para estudar morcegos e suas relações com as plantas. A princípio, as descobertas podem parecer sem muita importância, mas, tamanha a relevância, a pesquisa foi publicada recentemente na Nature Ecology & Evolution, uma das revistas científicas mais relevantes do mundo nas áreas de ecologia e evolução.

Os pesquisadores mapearam as relações entre 73 espécies de morcegos e mais de 400 espécies de plantas, que se encontram espalhadas por todas as regiões tropicais das Américas, inclusive no Brasil. As análises revelam como os chamados quirópteros que, em grego, significa algo como asa nas mãos, se tornaram cruciais para a saúde dos ecossistemas em que vivem. Os morcegos desempenham relevantes papéis ecológicos, pois transportam pólen e sementes pelas florestas e revitalizam a mata.

Assim, os dados que mostram as interações entre morcegos e plantas, com registros ao longo de 70 anos por centenas de naturalistas, deram origem ao estudo Compreendendo as regras de montagem de uma rede multicamadas continental (Insights on the assembly rules of a continente-wide multilayer network), desenvolvido pelos pesquisadores no período de três anos.

O estudo mostra a importância dos morcegos mais populares, que se alimentam de uma maior variedade de frutos e propagam uma diversidade mais ampla de sementes pelo ecossistema. Se houver a extinção dessa espécie, afetará mais o todo, por terem uma função mais relevante na manutenção do ecossistema. Isso justifica a necessidade de determinar essas espécies, que podem contribuir para a extinção das demais.

Em outras palavras, a partir da análise das redes complexas multicamadas, é possível mostrar como são formadas as conexões entre as espécies, as estruturas das redes e o impacto da extinção de espécies de animais e plantas para o equilíbrio de um ecossistema. Além disso, as ferramentas computacionais e matemáticas desenvolvidas para estudar as relações entre os morcegos e as plantas podem ser aplicadas em qualquer ecossistema.

Como mostra o estudo, quase 70% dos morcegos se alimentam de insetos em maior ou menor grau. Os morcegos têm a dieta mais diversificada entre os mamíferos, uma vez que, nas Américas, metade das espécies se alimenta de plantas, mas muitas delas também são capazes de comer insetos.

Trabalho da força-tarefa

Liderada por dois professores da Universidade de São Paulo (USP), a força-tarefa da ciência conta com mais oito pesquisadores, três brasileiros e cinco estrangeiros, entre eles biólogos, ecólogos e especialistas em ciências exatas de diferentes instituições.

Os pesquisadores Rafael Pinheiro e Gabriel Félix, ambos mestres pela UFMG, desenvolveram novos métodos para entender a estrutura de cada camada das redes. Segundo Rafael Pinheiro, o estudo publicado na Nature E&E é bastante amplo e um dos pontos principais foi testar as previsões de uma hipótese nova de especialização.

“Essa hipótese foi inicialmente proposta no meu trabalho de mestrado em um contexto mais restrito: interações entre parasitos e hospedeiros. Depois disso, ela foi melhor desenvolvida no mestrado do Gabriel Felix (hoje doutorando na Unicamp). Por fim, no meu doutorado, no artigo da Ecology, nós terminamos de adaptar ela como um modelo para explicar as topologias de redes de interações. E foi essa hipótese que foi testada no artigo da Nature E&E”, conta Rafael Pinheiro, que concluiu o doutorado este ano, no Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre (ECMVS), da UFMG.

Em síntese, o estudo reúne informações de outras pesquisas em um único banco de dados, utilizado para testar ideias em uma escala maior, ou seja, continental, em relação às aplicações anteriores. Vale ressaltar que um banco de dados com informações sobre os animais que vivem em um ecossistema e como as relações são estabelecidas entre as diferentes espécies pode ajudar a calcular o impacto de uma possível contaminação em casos de desastres ambientais.

Os pesquisadores da força tarefa são: Rafael B. P. Pinheiro, Gabriel M. Felix, Marco A. R. Mello, Renata L. Muylaert, Cullen Geiselman, Sharlene E. Santana, Marco Tschapka, Nastaran Lotfi, Francisco A. Rodrigues e Richard D. Stevens.

(Assessoria de Imprensa UFMG)

Imagem de Nadine Trief por Pixabay

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