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O Ipê branco do ICB está em flor, pela primeira vez. Poucos dias antes da abertura oficial da Primavera (22/9), a árvore brasileira que foi plantada pela professora Maria Cristina Lima de Castro, já falecida, nos oferece um verdadeiro espetáculo da natureza.

Se passar por ele, fotografe. Em menos de uma semana todas as folhas cairão. Os nomes científico e popular da planta vêm do tupi-guarani: Ipê significa "árvore de casca grossa" e tabebuia é "pau" ou "madeira que flutua".

Considerem que esta seja uma singela homenagem. Prévia, à estação mais bela do ano, e póstuma, à professora do departamento de Biologia Geral, ex-diretora e ex-vice-diretora, já falecida, que nos brindou com esta beleza. (Tomara que a professora esteja vendo!)

Foto de Vitor Dias.

 

E aconteceu a primavera

Por Carlos Drummond de Andrade

Que alguém te cante e te descante,
ficou urgente, Primavera,
para que a menos em cantiga,
neste papel aberto às gentes,
a flor antiga se restaure.

Te cantarei em Pernambuco,
onde és cidade, e no Pará,
onde mulheres plantam malva
sob o título municipal,
e em Rondônia cantarei
a corredeira Primavera,
pois nesses nomes de lugares
e num acidente geográfico
tu pousaste como um pássaro,
modesto pássaro cinzento
de asas pretas e cauda preta,
só a lembrar, no pano branco,
extintas primaveridades.

Primavera que tanto habitas
a bráctea rósea da buganvília
(em que jardins à vista ocultos
sob a fumaça que é nosso azul
residual?),
como habitavas, parnasiana,
o soneto crônico e clássico
dos poetas consumidores
de velhos tópicos europeus,
é forçoso que alguém celebre
o ímpeto juvenil da Terra
mesmo poluída, desossada,
Terra assi mesmo, seiva nossa.

 

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