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Começou hoje, dia 5/9, o III Simpósio de Microbiologia da UFMG, cujo tema principal são as Doenças microbianas emergentes. Embora existam doenças que tenham outras causas (genéticas, metabólicas, autoimunes e neoplasias), a maioria das doenças que ocorrem em animais (incluindo, nós, seres humanos) e plantas são causadas por microrganismos patogênicos (bactérias, vírus e fungos). O evento acontece no Auditório Nobre do Centro de Atividades Didáticas 1 (CAD 1), que fica em frente ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB), no Campus Pampulha da UFMG.

Agora, à tarde, a partir das 13h, o professor Aristóteles Góes Neto, do ICB, apresenta seus estudos sobre uma doença que atinge o sisal e causa sérios problemas econômicos e ambientais: “A morte é vermelha: como a re-emergência de uma doença fúngica ameaça a cultura do sisal no Brasil (e no mundo)”.

O sisal é a principal fonte natural de fibras duras produzidas no mundo. No Brasil é produzido na região semiárida, principalmente em pequenas propriedades de produtores rurais com alto grau de associativismo, empregando muita mão de obra local, gerando muitos empregos diretos e indiretos ao longo da cadeia produtiva.

Segundo Aristóteles, a planta representa cerca de 70% da produção comercial de todas as fibras desse tipo, empregadas principalmente como insumo pela indústria têxtil, mas também pelas indústrias de papel e celulose, higiene pessoal e farmacêutica. Também, na indústria de transformação, como na fabricação de compósitos que substituem a fibra de vidro e em materiais plásticos”, afirma, lembrando ainda o alto potencial da plantas para a àrea de bioenergia.

“Como o Brasil é responsável por mais da metade da produção mundial de sisal e a região produtora está restrita a poucos municípios no Semiárido brasileiro, a re-emergência de uma doença fúngica, a podridão vermelha do sisal, que ataca e provoca a morte de plantas em diferentes cultivares e em qualquer estágio de desenvolvimento, caso não seja controlada, pode levar a uma epidemia e a uma drástica redução na produção de sisal no Brasil e no mundo, com consequências socioeconômicas desastrosas para a região”, adianta o pesquisador do ICB.

Alcoolismo X infecção pulmonar
Qual seria a relação entre o alcoolismo, uma doença crônica grave, que apresenta alta taxa de morbidade e mortalidade na população mundial, e a resposta do organismo a uma infecção pulmonar causada por fungo? Este será o tema da palestra o "Efeito do consumo crônico de etanol na Aspergilose pulmonar. Aspectos inflamatórios e imunológicos", apresentada pelo professor Frederico Marianetti Soriani, às 14h45. O estudo foi feito em camundongos, tratados com etanol (20%) durante 12 semanas e infectados com o fungo.

A infecção pode ocorrer por inalação dos esporos do fungo dispersos pelo ar. Uma vez nos pulmões, nos espaços alveolares, eles ativam a resposta inflamatória por meio dos glóbulos brancos ou leucócitos. Os resultados da pesquisa mostram que o consumo crônico de álcool está associado com o comprometimento da resposta imune e com o aumento da sensibilidade a infecções pulmonares. Também eleva os efeitos clínicos negativos, como perda de peso e mortalidade dos animais infectados.

As análises moleculares mostraram que o consumo crônico de etanol reduziu a eficiência de dois mecanismos importantes para a resposta à infecção. Um deles é a diminuição da produção de um receptor chamado CXCR2 – proteína presente nos neutrófilos e um dos responsáveis por coordenar a ida destas células para os pulmões para combater a infecção. O outro mecanismo prejudicado tem relação com a instalação de uma resposta imunológica chamada Th17. Ela não só coordena a produção, mas também a ativação e a função dos neutrófilos durante infecções, por exemplo. A análise microscópica demonstrou uma lesão pulmonar maior, acompanhada de maior carga fúngica nos pulmões.

“Nossos resultados apontam que o consumo crônico de etanol (alcoolismo) é capaz de afetar de maneira muito importante o sistema imunológico. Ele perde eficiência para combater infecções pulmonares, aumentando a gravidade destas infecções”, afirma o professor Frederico Soriani.

Microbiologia é o estudo dos microrganismos, ou seja, os seres vivos que só podem ser vistos com o auxílio de um microscópio: bactérias, fungos, vírus, protozoários e algas unicelulares, além dos viróides e príons. O termo ‘Doenças emergentes’ se refere ao fato de que recentemente sua incidência aumentou, se espalhou ou surgiu em determinada área geográfica, se tornando preocupante do ponto de vista da saúde pública.

 

SERVIÇO
Data: 5 e 6 de setembro de 2016
Website do Simpósio: http://www.simposiodemicrobiologia.com.br/

PROGRAMAÇÃO

PALESTRA MAGISTRAL
DIA 5/9. 10H20
Integrative approach for study of host-virus interactions: vampires, bats, and rabies
(Benoit de Thoisy)

TARDE
Micologia
DIA 5/9. 14H
A morte é vermelha: como a re-emergência de uma doença fúngica ameaça a cultura do sisal no Brasil (e no mundo)
(Aristóteles Góes Neto)

DIA 5/9. 14H45
Efeito do consumo crônico de etanol na Aspergilose pulmonar. Aspectos inflamatórios e imunológicos.
 (Frederico Soriani)

DIA 5/9. 16H30
Epidemiologia da Criptococose no Brasil
(Luciana Trilles)

Virologia
DIA 6/9. 8H
Emerging viruses Ecology: chasing Vaccinia vírus natural history in Brazil
 (Giliane Trindade)

DIA 6/9. 8H45
Vírus Influenza: Da Gripe Espanhola à Genética Reversa
(Alexandre Machado)

DIA 6/9. 10H30
Aspectos clinicos, virológicos e epidemiológicos da infecção por Zika em SP
(Maurício Lacerda)

Bacteriologia
DIA 6/9. 14H
Antimicrobianos e resistência: tudo é uma questão de tempo
(Ilana Camargo)

DIA 6/9. 14H40
Acinetobacter baumannii: a emergência em infecções clínicas
(Simone Gonçalves dos Santos)

DIA 6/9. 15H20
Atorvastatina: reposicionamento de drogas para o tratamento de infecção experimental por klebsiella pneumoniae.
(Danielle Souza)

 

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