Revista de Psicofisiologia, 2(1), 1998

Reações autonômicas e hormonais

6.6) Depressão

A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa auto-estima, que aparecem com freqüência e podem combinar-se entre si.

A pessoa depressiva apresenta sinais e sintomas tais como:

  • Humor: triste, infeliz, melancólico, choro.

  • Pensamento: pessimismo, idéias de culpa, autodepreciação, perda de interesse e motivação, decréscimo de eficiência e concentração.

  • Comportamento e apresentação: negligência quanto à aparência pessoal, retardamento psicomotor, agitação.

  • Comportamento suicida: idéias, ameaças, tentativas.

Além dos sintomas psíquicos existem também os somáticos como perda de peso e apetite, constipação, distúrbios do sono, dores físicas, mudanças na menstruação e perda da libido. Esses sintomas apresentam grande variação tanto no que se refere ao tempo quanto no que se refere à intensidade.

Alguns autores como Campbell (1953) sugerem que sintomas depressivos estão relacionados com o sistema nervoso autônomo (SNA). Porém é possível que os sintomas apresentados por essa disfunção sejam uma conseqüência e não causa primária da depressão.

A depressão pode se originar tanto de fatores físicos como de psicológicos. Há evidências de pessoas com pré-disposição genética à depressão, influindo na personalidade. Eventos traumáticos na história de vida do indivíduo podem ser determinantes no surgimento da depressão.

Situações estressantes somadas a uma pré-disposição podem levar o indivíduo a uma depressão reativa, que tem como características o sentimento forte de desânimo com intensidade e duração variáveis, geralmente como conseqüência de perda e desilusão.

A falta de informação e o preconceito impedem as pessoas de procurarem ajuda nos estágios iniciais da depressão, ocorrendo esta busca somente quando a situação se torna insuportável.

Alterações no metabolismo de cortisol, noradrenalina e outros hormônios podem estar envolvidas no processo depressivo. Alguns estudos evidenciam que existe uma correlação entre o aumento na produção de cortisol e o agravamento da depressão.

Uma deficiência na produção de catecolamina também pode estar envolvida no processo de depressão, especialmente a norepinefrina. Situações de estresse prolongado podem causar a depressão devido ao trabalho aumentado da supra-renal que produz grande quantidade de noradrenalina, mas não consegue suprir a demanda. Nesse sentido as drogas anti-depressivas são usadas, com o intuito de equilibrar a comunicação entre as células nervosas, disponibilizando mais neuro-transmissores para evitar o colapso de funções vitais.