Revista de Psicofisiologia, 2(1), 1998

Ontogenia: do nascimento à velhice

6.1) Envelhecimento morfofisiológico e bioquímico do sistema nervoso humano

Desde que nascemos não cessamos de perder neurônios, apesar de poder ser compensado por um número maior de sinapses por neurônio. E a perda torna-se marcante com o avançar da idade o que justifica a progressiva redução do peso do cérebro. A redução da massa celular ativa cerebral na idade avançada não se processa de modo homogêneo. Algumas áreas sofrem mais perdas do que outras, por exemplo: há uma diminuição média na área pré-central de 63%, área pós-central de 128%, área temporal superior de 45%, núcleo estriado de 63%. Mas estas perdas podem ser provocadas pela má qualidade de vida, por exemplo, sono de má qualidade que não estimula e revigora parte importante do cérebro (Pimentel-Souza, em impressão). A senilidade é caracterizada por uma progressiva redução da capacidade perceptiva correlacionada com o envelhecimento cerebral descrito acima, mas não é ainda possível estabelecer a relação precisa entre as alterações morfofuncionais e as alterações perceptivas, apesar de maior perda nas áreas pós-centrais do cérebro.

Os períodos culminantes da capacidade intelectual são atingidos quando grandes quantidades de neurônios já morreram, mas compensados pela proliferação de sinapses, formando uma mais rica rede neuronal. A atividade mental criadora pode persistir mesmo em idades avançadas.

A arteriosclerose pode provocar maior estreitamento da carótida e resistência vascular cerebral, diminuindo o fluxo sangüíneo cerebral e gradualmente a reação cerebral contra o aumento de gás carbônico, produzindo asfixia pela falta de oxigênio.

A freqüência de ondas alfa dominantes diminui em relação às ondas lentas, tornando o cérebro mais lento e sem reação. Essas alterações na eletrogênese cerebral estão relacionadas com o despovoamento neuronal durante a idade adulta média da vida.

Geralmente falta a um clínico, um reconhecimento preciso do que seja o envelhecimento normal. O que é visto num idoso são as mudanças associadas à velhice que resultam de perdas graduais. Caso sejam agudas poderão provocar o aparecimento de lesões clinicamente perceptíveis.

Basicamente o que caracteriza o envelhecimento cerebral são: suprimentos inadequados de oxigênio e de fluxo sangüíneo cerebral e a redução da utilização da glicose.