Revista de Psicofisiologia, 1(1), 1997

O Estresse e as Doenças Psicossomáticas

2.7) Hipotálamo e estado de estresse

Nosso organismo é dotado de mecanismos adaptativos, nos quais todos os órgãos e tecidos exercem funções que ajudam a manter as condições do organismo, como um todo, estáveis. Nosso organismo possui uma capacidade de equilíbrio que mantém suas condições estáticas, ou constantes, no meio interno.

O hipotálamo é a área do sistema nervoso central que tem sob sua responsabilidade várias funções que são básicas para a manutenção e sobrevivência do organismo. Através do sistema nervoso autônomo e do sistema endócrino, o hipotálamo promove uma série de mudanças orgânicas necessárias para a conservação do equilíbrio durante estados de grande atividade física e/ou mental e através de mecanismos próprios, como o mecanismo da fome, da sede e da regulação térmica corporal, produz subsídios que possibilitam o funcionamento integrado, mantendo a harmonia orgânica durante todo o período em que o indivíduo estiver sob a influência do estressor. O funcionamento global do hipotálamo é o grande responsável pela gênese das condições orgânicas para que o sujeito "estressado" possa, dentro de certos limites, se adaptar e superar as mudanças responsáveis pelo estresse.

Todo tipo de questionamento relacionado com a situação que se apresenta (estressora) está acontecendo no cérebro e todas estruturas ligadas a ele estão sofrendo a influência da ansiedade, do desconforto, da insegurança, geradas no seu interior. A isso se deve a grande responsabilidade do hipotálamo nos estados de estresse em suprir o cérebro com todos os elementos necessários para a sua importante atividade, não deixando de lado as necessidades globais do organismo, principalmente nos casos de estresse físico, onde a restauração tecidual é o marco das necessidades.

O estado de estresse implica numa necessidade aumentada de energia, porque se caracteriza uma grande atividade a nível de sistema neuro-muscular e demais tecidos. Um aumento basal do tônus muscular esquelético surge logo de início, dada à ação das catecolaminas, preparando o indivíduo para possíveis atividades físicas, o que equivale a manter um estado de alerta. Assim, o organismo precisa de um nível aumentado de glicose, pois o sistema nervoso é dependente direto da glicose sangüínea, e outros nutrientes como aminoácidos, sais e vitaminas, indispensáveis para sustentar o aumento da atividade.