Revista de Psicofisiologia, 1(1), 1997

A dor e o controle do sofrimento (I)

8) CONCLUSÃO

Trabalhar, teoricamente com a dor, é angustiante, pois afinal, antes ou depois deste trabalho já vivenciamos em nossas vidas dores diárias ou periódicas. A sensação dolorosa é logo esquecida quando já se foi medicado ou curado, embora haja persistência da injúria. Sabe-se que a lesão eleva o grau de estresse, que libera endorfinas, que tem ação analgésica. Talvez por isso, não podemos pensar na dor como fazendo parte inerente do viver. Mas, parar e estudar a dor traz lembranças que pensávamos ter esquecido.

Novas técnicas foram criadas no tratamento da dor, uma delas é a clínica da dor, na qual especialistas poderão, em conjunto, tratar especificamente os problemas da dor. A idéia da criação de uma clínica da dor foi do Dr. John J. Bonica, da Escola Médica da Universidade de Washington, o Pioneiro da Dor, que acredita que as drogas não são a resposta completa à dor, e ele prevê um dia no qual as pessoas vão buscar seus próprio poderes mentais inatos para aliviar seu sofrimento.

Um outro meio de aliviar a dor, bastante utilizado no "Hospício" de Saint-Christopher, uma instituição extraordinária, localizada em Londres, no qual sua filosofia é permitir ao doente morrer o mais dignamente possível, sem prolongar o sofrimento e a depressão, com o uso de narcóticos. O Cocktail Brompton, fórmula de anestésicos com predominância da ação da morfina, foi administrado aos cancerosos em fase terminal dolorosa, o que lhes proporcionava imenso alívio, paradoxalmente dentro duma instituição confessional com moral puritana.

Pesquisas recentes indicaram que o Cocktail Brompton aliviava eficazmente a dor de cerca de 90% dos doentes, mas a existência de doentes a quem não se pode minimizar a dor lança um desafio aos cientistas da dor. É preciso recorrer a outros meios, diversos métodos, um completando o outro, para o tratamento da dor. Fatores importantes não podem ser esquecidos como a predição e a prevenção da dor.

O controle farmacológico, sensorial e psicológico da dor devem estar intimamente ligados, pois cada abordagem tem feito progressos extraordinários nesses últimos anos. O tratamento da dor que engloba estes fatores só tem a melhorar o estado do paciente, mas sucessivas questões estão constantemente a ser postas, desafiando seguramente jovens investigadores a lançar-se na pesquisa de novos conhecimentos e terapêuticas.