Revista de Psicofisiologia, 1(1), 1997

A dor e o controle do sofrimento (I)

4) ACUPUNTURA

Por muito tempo a medicina ocidental valeu-se de recursos puramente empíricos, baseados no princípio da contra-irritação, segundo o qual o foco primário da dor podia ser inibido por um segundo foco de irritação, provocado. O alívio proporcionado pela aplicação de ventosas, cataplasmas, sanguessugas, calor ou frio intensos resulta talvez de mecanismos semelhantes aos que poderiam explicar pela eficácia da acupuntura. Hoje tal visão poder ser conjugada com explicações de Teoria do Portão e da dor referida.

Por outro lado, a acupuntura nos interessa enquanto técnica de eficácia comprovada no combate a diversos tipos de dor, como dores dorsais inferiores, miofaciais e em algumas neuralgias. No entanto não se mostrou eficaz em sítios distantes em pacientes paraplégicos e hemeplégicos. Na concepção chinesa tradicional de conceitos médicos e filosóficos se mesclam. Considera-se que o princípio dos princípios é a unidade do macro e do microcosmos, fazendo o homem parte deste último como mera fração do todo. Supõem eles que uma forma de energia circula pelo corpo e um desequilíbrio no fluxo dessa modalidade de energia causa dor, a qual pode ser corrigida mediante punção de agulhas.

Parece ser aplicável em casos de hipersensibilidade a anestésicos em pacientes idosos ou com problemas cardiovasculares, devido à sua absoluta atoxidade, mas resta fazer um controle e melhor averiguação.

A estimulação, com agulhas, libera no local algum tipo de endorfina, pelas terminações dos nervos sensitivos. Ocorre muitas vezes, porém que a estimulação de pontos distantes do nervo correspondente à área dolorida produz também o alívio da dor, em decorrência da liberação da mesma ou de outra endorfina no sistema nervoso central, ativando regiões analgésicas do sistema da rafe, ou por efeito de áreas diversas interagindo pelo sistema de controle da dor do portão.