INTRODUÇÃO

A pedagogia tem sido frequentemente solicitada a acompanhar os desenvolvimentos do conhecimento humano e do avanço tecnológico, através de uma crescente demanda de progresso na educação e de favorecer maior maturação da mentalidade. Uma das esperanças de solução vem do processo construtivista da epistemologia genética. Piaget procurou a harmonização do processo de aprendizagem com o amadurecimento biológico da criança e do adolescente, através dum processo centrado no aluno (1,2).

Epistemologicamente, a aquisição do conhecimento pode ser concebida quando, por exemplo a estimulação tatil-cinestésica ajudando a formar os esquemas corporais, se moldam as estruturas nervosas genèticamente herdadas. A percepção da realidade nutre os processos operacionais, cuja maturação dá origem à imagem mental, às operações formais e à outros instrumentos do conhecimento e da atividade verbal, que aparecem desde a necessidade de dizer algo e a formação de uma idéia geral até a linguagem interior, chamados de aspectos figurativos. Por outro lado, vão aparecendo cada vez mais um paralelo entre o cognitivismo de Piaget com os processos neurofisiológicos de controle sensori-motor do movimento do adulto: desde projeção de campos receptores unitários, formação de esquemas sensoriais, programação de plano de ação motora e comando do movimento (3,4,5,6).

Mas, a aquisição do conhecimento depende da interação das atividades comportamentais do indivíduo com estruturas sensori-cognitivas, que interiorizam novas construções sucessivas, permitindo remediar algumas incoerências momentâneas, resolver problemas, vencer crises por uma constante reelaboração. Não é um mero ato de percepção ou associação de fatos, nem um mero ato físico de maturação genética do sistema nervoso, pois depende da ação e do dinamismo externos exercidos sobre a constituição plástica do cérebro dos sujeitos, que quase sempre estão numa função ativa (7,8).

Uma das contribuições de Piaget foi considerar 4 períodos no desenvolvimento da criança onde se processa um duplo salto qualitativo, tanto no aspecto cerebral, quanto na forma cognitiva. Considera-se que a inteligência se desenvolve por etapas, de modo que a aprendizagem prossegue em cada uma no nível do que já tinha sido adquirido na etapa precedente. A estimulação sensori-motora participa em causalidades objetivas e espacializadas, em programas de ação motora, na consolidação de heranças genéticas, na aquisição de novas estruturas dinâmicas e na construção dos objetos mentais, reaferindo-os com uso de variados circuitos de retro-alimentação, que introduz a função de controle. Os pensamentos de operações concretas e representativas interagem e desenvolvem a aquisição da linguagem. Finalmente ocorrem as operações formais ou hipotético-dedutivas, chamadas de segunda ordem por se apoiarem sobre operações concretas. Assim a inteligência de cada sujeito procede de maneira não linear na aprendizagem, por construções graduais sucessivas (1,9). Por outro lado, Piaget sugere que há um desenvolvimento interrelacionado dos domínios cognitivo e afetivo na formação da personalidade do jovem. Assim, a presente pesquisa propõe fazer avaliação de uma série de itens dos dois domínios e concluir sobre a maturidade do aluno adulto, que já não teria o impecilho de maturação biológica macroscópica (10,11).