Apresentação

Objetivos

Programação

Resumos

Orientações Gerais

Organização


11 a 14 de outubro de 2006
Estalagem das Minas Gerais
Ouro Preto - MG - Brasil

Impactos Sócio-ecológicos na Pressão Arterial de Populações Rurais Amazônicas: Uma Investigação Sobre a Ontogenia da Hipertensão

Silva H.P.

Museu Nacional/UFRJ, Rio de Janeiro

hdasilva@acd.ufrj.br

Investigações em diversas populações do mundo têm dado suporte à hipótese de que o processo de “Ocidentalização” está associado à elevação dos níveis pressóricos e ao aumento na incidência de hipertensão arterial (HA). Embora a HA já há muito seja reconhecida como um fenômeno multifatorial, pouca relevância tem sido dada às condições sócio-ecológicas como fatores fundamentais na sua gênese. Neste estudo, os padrões de pressão arterial (PA) de seis populações amazônicas (Caxiuanã, Paricatuba, Aracampina, Praia Grande, Santana e Ponta de Pedras) são investigados a partir de uma perspectiva bioantropológica, visando contribuir para o entendimento dos fatores associados à ontogênese da HA em grupos com baixa prevalência dos fatores de risco clássicos. O estudo foi realizado em grupos Caboclos da Amazônia Paraense vivendo em condições ambientais diversas e em diversos estágios do processo de transição de uma economia de subsistência/rural para uma economia de mercado/(peri)urbana, o que se conhece por 'Ocidentalização'. Um total de 419 indivíduos adultos (223 mulheres e 196 homens), com idades variando entre 17 e 94 anos, participaram voluntariamente da pesquisa. Os resultados corroboram a noção de que a PA é um fenômeno de bases complexas, sujeito a grande variabilidade intersexual, interindividual e interpopulacional e que varia, inclusive, de maneira importante nas diferentes estações do ano. Uma análise mais detalhada da relação entre os modos e condições de vida das populações e sua PA demonstra que, após controlar por sexo, idade e os fatores clássicos de risco, é possível observar que: os grupos em situação de maior vulnerabilidade sócio-ecológica apresentam níveis pressóricos mais altos, sendo a PA sistólica a mais sensível (p>0.05); em algumas comunidades há um maior número de mulheres do que homens hipertensos (p>0.05) sendo estas, em média, mais jovens que os homens portadores da doença; nessas populações não há uma correlação direta entre aumento da PA, a idade e o gênero, e a HA atinge principalmente indivíduos entre 35 e 65 anos de idade, ocorrendo em cerca de 15% da população total. No Brasil ainda há poucas investigações sobre a saúde cardiovascular de populações rurais e, além de aumentar o volume de informações disponíveis sobre tais grupos, este estudo contribui para demonstrar que a HA tem sua gênese no processo de Ocidentalização, e que fatores complexos como o local de residência e o estresse associado às condições de vida e saúde de indivíduos desde a juventude estão na base do desenvolvimento da doença hipertensiva.