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11 a 14 de outubro de 2006
Estalagem das Minas Gerais
Ouro Preto - MG - Brasil

O QUE MARCADORES GENÉTICOS (STRS AUTOSSÔMICOS E LIGADOS AO CROMOSSOMO Y) PODEM RESPONDER SOBRE A ESTRUTURA GENÉTICA DE DUAS COMUNIDADES SEMI-ISOLADAS DE ORIGEM AÇORIANA NA ILHA DE SANTA CATARINA - SUL DO BRASIL?

MUNIZ YCN 1, SOUZA IRde 2, SIMÕES AL 1.

1. FMRP/USP, Ribeirão Preto-SP, Brasil; 2.UFSC, Florianópolis-SC, Brasil.

yaracnm@yahoo.com.br

Portugal financiou no séc XVIII a vinda de famílias de açorianos, assentados principalmente no litoral catarinense. Dentre as várias comunidades fundadas, temos a Costa da Lagoa (CLG) e São João do Rio Vermelho (SJVR) localizadas na parte nordeste da Ilha de Santa Catarina. Estas comunidades, antes prósperas, decaíram com o fim do tráfico negreiro, ficando isoladas. A partir da dec. 70, SJRV começou a receber imigrantes, estando hoje em fase de quebra de isolado genético. CLG ainda é considerada isolada. Os objetivos deste estudo foram verificar a hipótese dos diferentes graus de isolamento nas comunidades, estimar as proporções de mistura étnica e estabelecer comparações entre elas e com as populações ancestrais. As análises foram feitas com base nas freqüências gênicas de 8 loci STRs autossômicos, 5STRs e 1 inserção Alu ligadas ao cromossomo Y. A amostra da CLG foi de 119 indivíduos e a de SJRV de 163. A detecção dos alelos foi feita por PCR/PAGE/Nitrato de Prata. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio dos programas GENEPOP, FSTAT, ARLEQUIN, DISPAN, GDA, PHYLIP e ADMIX2 e 3. Os loci do cromossomo Y foram incapazes de diferenciar as duas comunidades, mas eficientes na diferenciação com as populações ancestrais (0,16>GST>0,215). As comunidades mostraram mais similaridade em relação aos haplótipos do cromossomo Y (FST=0,007; p>0,05), o que poderia indicar um intercâmbio mediado por homens. A diferenciação genética mostrou resultados significativos para 5 loci, portanto, eficientes em diferenciá-las (FST=0,005, p<0,01). As estimativas de mistura étnica baseadas nos loci autossômicos detectaram uma maior contribuição européia (CLG=93,5% e SJRV=80,6%), seguida da africana (CLG=4,1% e SJRV=12,6%) e ameríndia (CLG=2,4% e SJRV=6,8%; R2=99,8). Os loci de Y apresentaram uma contribuição preponderantemente portuguesa/açoriana (CLG=95,6% e SJRV=94,1%; R2=94,2) e não mostraram a presença do componente ameríndio. Estes dados, somados aos dendrogramas, mostraram que as comunidades são geneticamente próximas à população fundadora. As duas comunidades são triíbridas com predomínio do componente açoriano. A discrepância na composição étnica indica que a presença do componente não português pode ter entrado nas comunidades via mulheres, corroborado por relatos históricos para a população brasileira, mas não pelos da colonização local. Porém, a ação da deriva não pode ser descartada. A maior proporção de não portugueses em SJRV indica que o fluxo gênico pode estar acelerando o processo de miscigenação e CLG apresentou maior estruturação populacional e excesso de homozigotos e pode ser considerada geneticamente isolada. Financiadores: CNPq e CAPES.