ANCESTRALIDADE GENÉTICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: MARCADORES
AUTOSSÔMICOS INDICAM BAIXA CONTRIBUIÇÃO AFRICANA
Oliveira, SF 1; Godinho, NMO 1,2; Gontijo, CC 1; Diniz, MECG 1;
Ribeiro, GGBL 1; Motta, DS 1; Pedrosa, MAF 1; Barcelos, RSS 1,2,3; Klautau, MN 1;
Simões, AL 4.
1. Universidade de Brasília, IB, GEM, Distrito Federal,
Brasil; 2. Instituto de Criminalística Leonardo Rodrigues, Goiás, Brasil; 3.
Universidade Católica de Goiás, Goiás, Brasil; 4. Universidade de São Paulo,
FMRP, Ribeirão Preto (SP), Brasil.
silviene@unb.br
A população brasileira, essencialmente triíbrida, apresenta
taxas irregulares de contribuições de africanos, europeus e ameríndios ao longo
do país, sendo que observa-se uma grande participação de africanos no
povoamento do Nordeste, de ameríndios no Norte e de europeus no Sul. O Distrito
Federal (DF), localizado na região Centro-Oeste, teve seu povoamento
intensificado a partir de 1960 com a criação da nova Capital Federal. Como esse
povoamento teve como base o intercruzamento de migrantes vindos de todas as
regiões do Brasil, é possível considerar que a população do DF represente um
modelo de estudo da população brasileira. O objetivo deste trabalho foi
contribuir com a compreensão do processo de formação da população da região
Centro-Oeste, visto que ela representa um “pool” da população brasileira. Para
tanto, dados previamente obtidos com relação a marcadores uniparentais
(cromossomo Y e DNAmt) foram comparados com os de marcadores autossômicos do
tipo Indels e SNPs. Foram selecionados e analisados nove marcadores (APOA1,
ECA, PV92, D1, FXIIIB, TPA25, DRD2-A, LPL e AT3), sendo a maioria marcadores
informativos de ancestralidade (AIMs). Para as análises de aderência ao
equilíbrio de Hardy-Weinberg empregou-se o programa GENEPOP. Para estimativas
das contribuições genéticas das populações parentais foi utilizado o programa
ADMIX. Todos os marcadores encontravam-se em equilíbrio (p>0,05). As
estimativas de mistura indicaram uma maior contribuição européia
(0,60680,0225) e menores contribuições africana
(0,22840,0119) e ameríndia (0,16480,0122) na composição
da população brasileira. Essas estimativas obtidas com o uso dos marcadores
autossômicos são intermediárias entre as observadas pelas análises das
contribuições uniparentais masculina (européia: 90%; africana: 8,5%; ameríndia:
1,5%) e feminina (européia: 21%; africana: 32%; ameríndia: 47%). Esses dados
corroboram a história de casamentos preferenciais entre homens europeus, que no
início da formação da população brasileira foram os principais migrantes, e
mulheres de ao menos três ancestralidades - européias, africanas e ameríndias -
durante o povoamento do país. Confirmam também a maior contribuição européia na
constituição da população brasileira atual, porém demonstram que a contribuição
ameríndia e africana foram similares.
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