Diferenciação genética entre populações nativas americanas
lingüisticamente relacionadas, avaliadas através de 12 STRs autossômicos
Crossetti S.G. 1, Kohlrausch F. 1, Demarchi D. 2, Salzano
F.M. 1, Callegari-Jacques S.M. 1, Hutz M.H. 1
1 UFRGS, Porto Alegre, Brasil; 2 UNC, Córdoba, Argentina.
shaiane.crossett@ufrgs.br
Fatores geográficos, lingüísticos, ambientais, culturais,
biológicos e históricos podem influenciar o padrão genético das populações
humanas. Associações deste tipo já foram observadas em diferentes regiões, mas
o tipo e grau de relação entre variações lingüísticas e geográficas, e
variabilidade genética não é universalmente homogêneo. Este trabalho tem como
objetivo avaliar o grau de diferenciação genética entre populações nativas sul-americanas
lingüisticamente relacionadas e geograficamente próximas. Para isto, foram
genotipados 12 loci microssatélites autossômicos tetranucleotídeos (kit
AmpFlSTR IdentifilerTM / Applied Biosystems) em 324 indivíduos de quatro grupos
lingüísticos, dois Tupis (Mondé e Guarani) e dois Macro-Guaykuru (Guaykuru e
Mataco). Foram estudadas 11 populações: Gavião, Suruí e Zoró de Rondônia-Brasil
(Mondé); Mbiá de Misiones-Argentina, Kaiowá e Ñandeva do Mato Grosso do
Sul-Brasil (Guarani), Pilagá e Toba de Formosa e do Chaco - Argentina
(Guaykuru) e Wichí de Formosa e do Chaco -Argentina (Mataco). A diferenciação
populacional foi medida pelo FST calculado entre todas as populações duas a
duas. No tronco Tupi, foram observadas diversidades genéticas estatisticamente
significativas entre populações que falam dialetos semelhantes, mesmo entre
aquelas que vivem em regiões geograficamente próximas. No que se refere às
famílias lingüísticas Guaikuru ou Mataco, não foram encontrados valores de FST
estatisticamente significativos. Sendo assim os grupos populacionais de língua
Tupi são geneticamente mais heterogêneos quando comparados com as populações da
região do Chaco (Macro-Guaykuru). Aspectos históricos, como o recente
povoamento desta região, e/ou comportamentais, como o nômadismo sazonal típico,
poderiam explicar a homogeneidade genética ali observada. Portanto, a
associação entre genética e língua não é universal, observando-se diferentes
padrões conforme a região onde vivem e a língua falada pelas populações. Financiamento:
CNPq, PRONEX, Instituto do Milênio, CAPES.
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