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11 a 14 de outubro de 2006
Estalagem das Minas Gerais
Ouro Preto - MG - Brasil

HISTÓRIA EVOLUTIVA DO PAMPA GAÚCHO REVELADA A PARTIR DE MARCADORES GENÉTICOS

Marrero A.R. 1; Leite F.P.N. 1,2; Ruiz-Linares A. 3; Salzano F.M. 1; Bortolini M.C. 1.

1 UFRGS, Porto Alegre, Brasil; 2 Instituto Geral de Perícias, Porto Alegre, Brasil; 3 University College, London, United Kingdom.

andreamarrero@terra.com.br

Tanto o gaúcho riograndense quanto o gaucho platino são reconhecidos por sua visível unidade cultural, que ultrapassa fronteiras, já que ambos surgiram por influência dos mesmos fatores. Visando avaliar a natureza do processo que originou o povo gaúcho, caracterizou-se geneticamente uma amostra da região pampeana do Rio Grande do Sul (Brasil), com relação a marcadores uniparentais de herança matrilineal (mtDNA) e patrilineal (Y-SNP e Y-STR). Foram analisadas 105 seqüências da HVS-I do mtDNA, das quais 52%, 37% e 11% foram identificadas com haplogrupos ameríndios, europeus e africanos, respectivamente. Considerando apenas as de origem ameríndia, verificou-se que estão distribuídas como segue: A 30%, B 31%; C 30% e D 9%. A marcante diferença nas distribuições destes haplogrupos, observada em comparação com grupos Guaranis, reforça a idéia de que outros grupos nativos (Charruas), através de suas mulheres, contribuíram de maneira marcante para a formação das populações contemporâneas da região. Uma vez que marcadores do cromossomo Y são a contrapartida masculina para inferências obtidas com mtDNA, foram estudados 7 Y-SNPs (DYS199, M242, M9, 92R7, sY81, M19 e RPS4Y711) e uma inserção Alu (YAP) em 150 gaúchos. O haplogrupo mais freqüente foi o P*(xQ) com 58% sugerindo que a maior parte dos cromossomos Y da amostra seja de origem européia. Entretanto, 5% dos cromossomos Y são do tipo Q3*(xQ3a), indicando que uma pequena porção da contribuição ameríndia veio pelo lado paterno. Adicionalmente, foram estudados 13 Y-STR (DYS391, DYS389I, DYS439, DYS389II, DYS438, DYS437, DYS19, DYS392, DYS393, DYS390 e DYS385a/b). Com este conjunto de loci, foram observados 81 haplótipos, dos quais 74 deles (91%) são únicos. Comparando estes dados com outros previamente publicados para portugueses (N=185), espanhóis (N=1743) e outras populações do Brasil (N=631), observou-se a importante contribuição de ibéricos na formação masculina atual do Pampa. Conjuntamente, estes resultados mostram a natureza assimétrica dos casamentos (homem ibérico X mulher ameríndia) que ocorreram na região na época colonial. Além disso, o Pampa parece constituir-se em um extraordinário reservatório de linhagens mitocondriais de grupos nativos extintos (Charruas).