Estresse físico na pré-história: análise da área de fixação
do ligamento costoclavicular na série do sambaqui Zé Espinho, Guaratiba, Rio de
Janeiro
Lindenberg P. N. 1, 2 , Rodrigues-Carvalho C. 1.
1. Museu Nacional/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil; 2. UNIGRANRIO,
Duque de Caxias, Brasil.
claudia@mn.ufrj.br
No presente trabalho realizou-se a análise de
desenvolvimento e reações ósseas na área de fixação do ligamento
costoclavicular em clavículas de esqueletos humanos recuperados no sítio
arqueológico Sambaqui do Zé-Espinho (Guaratiba no estado do Rio de Janeiro),
com o objetivo de avaliar o estresse físico decorrente de movimentos do ombro.
Esta série já havia sido objeto de estudo em trabalho anterior sobre marcadores
de estresse ocupacional revelando predomínio de graus de robusticidade entre
moderado (masculinos) e leve (femininos) nas áreas de fixação muscular e grande
solicitação dos músculos peitoral maior (masculinos) e pronador quadrado
(femininos). Para a presente análise foram considerados todos os indivíduos
adolescentes e adultos que apresentaram ao menos um fragmento de clavícula que
contivesse a área de fixação do ligamento costoclavicular. Foram analisados ao
todo, 11 indivíduos (3 femininos e 7 masculinos). A série foi dividida de
acordo com as subunidades arqueológicas previamente identificadas, a saber:
“sambaqui A” e “sambaqui D”. O desenvolvimento da referida área foi
classificado de acordo com quatro graus de intensidade (de ausente a intenso),
outros sinais de reação óssea na área foram descritos. Os resultados gerais
sugerem diferenças no desenvolvimento das áreas de fixação do ligamento
costoclavicular entre os dois “sambaquis”, sendo estas mais acentuadas no
“sambaqui A”. Os homens apresentaram uma tendência a um maior desenvolvimento,
em conformidade com o esperado. Assimetrias no desenvolvimento dessas regiões
foram verificadas em 6 dos 10 indivíduos que apresentaram as duas áreas de
fixação. Estas foram predominantes entre masculinos do “sambaqui A”. Tal
assimetria não era esperada uma vez que estudos posteriores vêm sugerindo que
movimentos bilaterais envolvendo o ombro e braço eram mais freqüentes do que
movimentos unilaterais. Uma re-análise detalhada dos dados de robusticidade
muscular dessa série será efetuada a seguir, para detalhar esta
questão.
|