Caça ou Pesca? Administração e Manejo do Recurso Alimentar
pelos Guaranis do Sitio Piracanjuba
Gonzalez M.M.B. 1, Piedade S.C. 1, Morais, J.L. 1.
1 MAE-USP, São Paulo, Brasil.
gonzalez@nupec.com.br
A subsistência de um grupo está estritamente ligada aos
recursos do meio ambiente. O ambiente é um conceito muito amplo que consiste de
todas as condições, circunstancias, e influências que afetam o desenvolvimento
cultural. O modo de vida sofre as pressões diárias deste meio, produzindo
técnicas e conhecimentos capazes de adaptar o indivíduo ao seu ambiente ou o
ambiente ao ser humano. Neste sentido, estabelecemos de forma sistemática a
subsistência específica dos guaranis da região de Piraju-SP, através da análise
zooarqueológica dos vestígios faunísticos do Sitio Piracanjuba. A maior parte
dos vestígios encontrados no sítio são de mamíferos de pequeno porte e de
invertebrados do filo Mollusca, todos de ampla ocorrência na Mata Atlântica. Os
peixes são escassos no registro arqueológico, apesar da proximidade do sítio ao
rio Paranapanema. Os animais de grande porte como os veados e as capivaras
foram registros constantes nas escavações, demonstrando não haver significados
diferentes para os guaranis que ocupavam esta região. Os vestígios são em sua
maioria provenientes do esqueleto axial e apendicular, e alguns elementos
cranianos. Podemos analisar a influência tanto dos processos tafonômicos,
naturais (e.g. ação de ácidos) como aqueles produzido pela ação antrópica (e.g.
preparação de pontas). Constatou-se-se a predileção de animais de médio a
grande porte na subsistência dos guaranis além da ausência expressiva de peixes
que pode estar ligada à tabus ou devido aos processos tafonômicos; pudemos
observar a importância da fauna para os guaranis quando analisamos os artefatos
e as marcas de descarnamento nos ossos. O artefato ósseo, um furador, era
utilizado na manufatura do couro proveniente da caça. As marcas demonstram e
comprovam a utilização de material lítico para o processo de descarnamento.
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